Ronins eram samurais sem mestre que viveram no período feudal do Japão, entre 1185 e 1868. Muitos desses personagens míticos figuram na aventura fantástica 47 Ronins (2013), superprodução protagonizada por Keanu Reeves que repete a audácia de colocar um ator ocidental numa história essencialmente nipônica – assim como fez O Último Samurai (2003). O filme chega aos cinemas brasileiros nesta sexta-feira tentando recuperar o que perdeu nos Estados Unidos, onde arrecadou pouco mais de US$ 38 milhões contra os 175 milhões de dólares de seu orçamento.
Num universo cinematográfico muito distante está Os Sete Samurais (1954), obra excepcional de Akira Kurosawa que se destaca entre os maiores trabalhos do diretor japonês. Protagonizada por Toshirô Mifune, a épica jornada desses heróis de ocasião intensifica os artifícios dos westerns de John Ford e Howard Hawks numa narrativa emocionante, somada a estética singular característica do cinema de Kurosawa.
Ainda que estejam afastadas por quase 60 anos, o Papo de Cinema encontrou seis graus que unem as duas produções, curiosamente todos relacionados a filmes realizados ou ambientados no oriente. Descubra a seguir!
Dirigido pelo estreante Carl Rinsch, esta aventura tem como protagonista um grupo de samurais considerados ronins, pois seu mestre foi assassinado e sua honra destituída. Intencionados à vingança, eles encontram no mestiço Kai (Keanu Reeves) a esperança de reaverem sua reputação. Baseado numa tradicional história japonesa já levada aos cinemas por Kenji Mizoguchi, o filme tem em seu elenco importantes nomes do cinema oriental, como Hiroyuki Sanada, Tadanobu Asano e a já indicada ao Oscar Rinko Kikuchi.
Assim como Ken Watanabe, Rinko Kikuchi ganha expressão em Conspiração Xangai (2010) graças ao seu carisma e história de sua personagem, que tem pouco tempo de tela nesse noir ambientado nos anos 1940 e dirigido por Mikael Hafstrom. A trama coloca John Cusack como um expatriado norte-americano que retorna à China após a morte de um amigo e passa a se envolver com a esposa de um mafioso, interpretado por Chow Yun-Fat.
Considerado um dos maiores astros do cinema asiático nos anos 1990, Chow Yun-Fat há tempos protagoniza tantos filmes orientais quanto ocidentais. No épico chinês de Zhang Yimou A Maldição da Flor Dourada, o ator dá vida ao Imperador Ping, da última dinastia Tang, durante um período conturbado de sua relação com a Imperatriz Phoenix, interpretada pela belíssima Gong Li.
Atrizes chinesas (Ziyi Zhang, Gong Li e Michelle Yeoh) protagonizam um filme ambientado no Japão e falado em inglês: tem como ser mais multicultural do que isso? Memórias de uma Gueixa, adaptado do romance melodramático de Arthur Golden, enaltece suas qualidades nipônicas em fotografia e figurinos deslumbrantes, assim como na bela coadjuvante Yûki Kudô, mais conhecida por seus papeis em Neve Sobre os Cedros (1999) e A Mulher Prometida (1994).
Indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes, este esquecido drama venceu em seu ano de lançamento o prêmio da audiência no Festival de Sundance e promoveu internacionalmente a carreira da jovem atriz em ascensão Yûki Kudô. Um dos maiores destaques da obra de Kayo Hatta, no entanto, é o septuagenário Toshirô Mifune em seu penúltimo trabalho no cinema. O ilustre ator-fetiche de Akira Kurosawa foi protagonista de icônicas obras do cineasta, como Rashomon (1950) e Os Sete Samurais (1954).
Frequentemente destacado entre os maiores filmes já realizados, Os Sete Samurais figura também entre as mais ilustres obras do mestre Akira Kurosawa. O cineasta recebeu o Leão de Prata no Festival de Berlim por este épico sobre uma pobre vila no Japão feudal constantemente assaltada e a revolta de seus moradores, que recrutam sete samurais desempregados para os proteger. Os inquestionáveis méritos da produção ensinam que não são necessários 47 ronins para salvar um filme.
