Em 1987, o cineasta holandês radicado norte-americano Paul Verhoeven mostrou seus dons para a ficção científica em RoboCop: O Policial do Futuro (1987), filme que muitos da geração atual de moviegoers brasileiros conhece de incontáveis reprises na Sessão da Tarde. Uma futurista e distópica Detroit é ameaçada pela criminalidade crescente, até que um policial próximo da morte retorna à função transformado pela robótica numa arma letal.
Eis que, passados 26 anos de seu lançamento, o ciborgue justiceiro retorna às telas dos cinemas mundiais com visual repaginado e sob a direção do brasileiro José Padilha. RoboCop (2014) coloca o ator egresso da televisão Joel Kinnaman como Alex Murphy, que após um acidente quase fatal é salvo e transmutado para um corpo cibernético. A superprodução recebeu severas críticas, porém espera rebate-las ao conquistar as bilheterias neste que é seu fim de semana de estreia no Brasil.
Com o novo RoboCop dominando o circuito exibidor brasileiro e em grande parte do mundo, o Papo de Cinema decidiu investigar os seis graus que separam a nova produção de suas origens cinematográficas em 1987. Para tornar as coisas mais interessantes, ficaremos apenas no universo da ficção científica: confira a seguir!
Um futuro não muito otimista foi apresentado nesta produção modesta que custou US$ 13 milhões aos cofres de sua produtora, mas que arrecadou 53 milhões de dólares apenas nos Estados Unidos. O sucesso da ficção, que abordava temas como autoritarismo, privatização, capitalismo e corrupção numa sociedade violenta, rendeu uma franquia com duas sequências, uma série de televisão, filmes animados, videogames e muitas láureas para seu diretor, Paul Verhoeven.
O sucesso do cineasta na condução de uma ficção futurista foi tanto que seu trabalho seguinte veio a ser O Vingador do Futuro, recentemente refilmado em 2012 pelas mãos de Len Wiseman. A superprodução protagonizada por Arnold Schwarzenegger e Sharon Stone foi baseada num conto do renomado escritor Philip K. Dick.
Blade Runner: O Caçador de Andróides (1982), Minority Report: A Nova Lei (2002) e O Homem Duplo (2006) são outros filmes que surgiram a partir das obras de Philip K. Dick, assim como este O Pagamento, ação futurista dirigida por John Woo que foi mal tanto nas bilheterias estadunidenses como nas críticas que recebeu. Ano ruim para um certo ator, que também amargava o fracasso de Demolidor: O Homem Sem Medo (2003) e do involuntariamente risível Contato de Risco (2003). Estamos falando de Ben Affleck.
O Batman da vez já teve dias melhores, como em 1997, quando recebeu o Oscar pelo roteiro de Gênio Indomável (1997). No ano seguinte ele protagonizaria a produção de maior bilheteria nos Estados Unidos em 1998: Armageddon. Ao lado de Liv Tyler, Affleck até se esforçou para se lançar como um grande e respeitado ator, mas seu trabalho ficou um tanto quanto apagado perto do boa praça Bruce Willis.
O eterno John McClane não parecia muito interessado em perder o estigma de herói de ação na década de 1990 e fez um filme atrás do outro como o herói cafajeste que ele faz tão bem. Em O Quinto Elemento, de Luc Besson, Willis seduziu a belíssima Milla Jovovich e gritou com o histérico Chris Tucker como Korben Dallas, que tem uma missão no espaço tão rocambolesca que dá até preguiça de relatar. Seu antagonista era uma adorável caricatura composta por Gary Oldman.
E assim chegamos ao novo RoboCop, que tem Oldman no papel do cientista Dr. Dennett Norton, responsável por desenvolver a armadura que une homem e máquina na figura perfeita que poderá restaurar a segurança do povo norte-americano. A refilmagem dirigida por José Padilha recebeu críticas pouco amistosas, incluindo a acusação de cometer sérios crimes contra o cinema (segundo Ben Walters, do The Guardian). O filme chega às telas brasileiras neste 21 de fevereiro com a intenção de recuperar seu orçamento de US$ 100 milhões, ainda não superado nas bilheterias estadunidenses.