Única mulher na mostra competitiva do 73° Festival de Veneza, a cineasta Ana Lily Amirpour passou por maus momentos na coletiva desta terça, 6, quando conversou sobre seu filme, The Bad Batch, com os jornalistas. O longa, recebido com vaias pela crítica, mostra uma jovem vivendo em uma espécie de prisão a céu aberto, na fronteira dos EUA com o México. Nesse lugar sem lei, ela é mutilada por um grupo que pratica canibalismo para sobreviver. A cineasta foi bastante questionada pelo tema, e acusada de glamourizar a violência.
Embora o tema seja indigesto por si só, Ana Lily consegue fazer um filme pop e contemporâneo, com trilha sonora que ‘fala’ com seus personagens, alem de imagens áridas de um mundo onde todos lutam para sobreviver de alguma maneira. Se de um lado vemos os canibais, do outro o povo ‘do bem’ come somente macarrão e venera O Sonho, um homem que encanta multidões com sua conversa fiada, uma música entorpecente e um pouco de drogas para anestesiar a populaçao.
A moça mutilada é muito bem interpretada pela modelo Suki Waterhouse, forte candidata ao prêmio de revelação deste ano. No elenco, as participações de Jim Carrey e Keanu Reeves, dois astros hollywoodianos em papeis atípicos, mostram que, se não agradou a crítica, pelo menos no mundo do cinema Ana Lily está com força total.