Ah, o amor! Tema este debatido, esmiuçado e presente quase sempre nos palcos, telinhas e telões à exaustão. É preciso sempre tentar alguma forma de abordar este assunto de modo inovador, que chame atenção e justifique o porquê de se assistir a mais uma comédia romântica. No caso de A História de Nós 2 não foi preciso nada de mirabolante: um excelente texto, aliado a uma direção segura, uma conhecida e fundamental trilha sonora e uma dupla de atores em absoluta comunhão já valem o ingresso.
A História de Nós 2 fala das agruras, inseguranças, tristezas e felicidades de um casamento, dividido em três partes (início, meio e fim). No primeiro, Lena e Edu vivem a paixão, a ansiedade e a euforia dos primeiros encontros, da primeira vez. É quando os defeitos presentes desde sempre eram ainda vistos com carinho. Enfim, tudo eram flores. Quando a gente pára de achar tudo bonitinho é porque o início acabou? Com essa frase de Edu, inicia-se a segunda parte, quando surgem Mammy e Duca. Depois do nascimento do primeiro filho a mulher se descuida e o homem fica com ciúmes, um velho amigo reaparece e o codinome Duca entra em ação: 
noitadas, bebedeiras e otras cositas más. O fim chega com Maria Helena e Carlos Eduardo, ambos em situações confortáveis nos seus empregos, tentando juntar os cacos da relação. Mas você pode estar se perguntando: eles ficam juntos ou não? Ah, não vou estragar aqui o único suspense que existe num tipo de espetáculo assim.
Por quê assistir à mesma história já vista centenas de vezes? Pois lhe dou diversos motivos, a começar pelo excelente e simples texto de Lícia Manzo (estreando como autora de novelas na Rede Globo na atual novela das seis). De fácil identificação com a plateia, sem ser grosseiro e muito menos ser piegas, é realista, direto e não por isso menos apaixonante. Isso sem mencionar o fato de ter sido indicado para o prêmio Shell de melhor texto e eleito o melhor espetáculo de 2009 pelo jornal O Globo. Direção de primeira de Ernesto Piccolo, mestre do gênero (Divã, Doidas e Santas e tantos outros), e a trilha sonora deliciosa e grudenta como a que qualquer comédia romântica deve ser, complementam os acertos.
Pra finalizar, a dupla em cena: juntos há quase 3 anos no Rio de Janeiro, Alexandra Richter e Marcelo Valle chegam a São Paulo com prêmios, elogios rasgados da crítica e aplaudidos por um público imenso. O simples fato de conviverem e fazerem os mesmos papéis durante todo esse tempo lhes dá uma segurança invejável. A sintonia fina entre eles é incrível e o bate bola com a plateia é encantador. Alexandra, que brilhava em humorísticos globais, já tinha provado a sua veia mais dramática na peça Divã, enquanto que Marcelo vem de coadjuvantes na televisão que não raro roubam a cena. A dupla consegue nitidamente passar aos espectadores o prazer que sentem em estarem juntos à frente desse texto em tão longo tempo. Eles são a alma do espetáculo, e A História de Nós 2 não teria a mesma graça se não fosse contada por Alexandra e Marcelo.
Estes são apenas alguns dos diversos motivos para sair de casa para passar uma hora agradabilíssima ao lado destes enormes talentos. E ainda por cima falando de um tema que nos é tão caro – o amor! Vale muito a pena ouvir a história desses dois.
Avaliação: Excelente
A História de Nós 2 está em cartaz no Teatro Gazeta, em São Paulo, até 20 de Novembro.
Últimos artigos deFábio Morales (Ver Tudo)
- Uma rainha sem majestade - 11 de maio de 2012
- Que a ternura te toque o coração - 9 de abril de 2012
- Palco de uma só atriz - 16 de março de 2012
Deixe um comentário