Eu já havia falado nas apostas para Melhor Atriz que o ano havia sido fraco para as interpretações femininas. Pois o mesmo se repete nesta categoria. A diferença é que não há uma franca favorita como Julianne Moore. No entanto, é claro que algumas candidatas chamam mais atenção. A liderança vem de Patricia Arquette, que tem feito uma belíssima campanha por sua participação em Boyhood: Da Infância à Juventude. Foi indicada ao SAG, Globo de Ouro, praticamente todos os prêmios de crítica possíveis, além de ter ganho como Melhor Atriz (sim, principal) segundo os críticos de Los Angeles. Apesar deste favoritismo, que tem ao seu lado o fato do filme também ser um dos preferidos do ano, ainda não é uma vitória absoluta. Apenas uma das duas únicas grandes certezas de indicação. Logo na sequência há a sempre adorável Emma Stone com sua performance em Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância), também apoiada pela maioria dos prêmios (Globo de Ouro, SAG, Spirit, críticos de diversos estados).
A seguir vem duas “certezas não tão certas”. Será que a Academia, tão cheia dos esquemas e jogos políticos de agradar a todos, vai conceder mais uma indicação à Meryl Streep por Caminhos da Floresta? Não se põe em crédito aqui o talento, mas os cálculos de Oscar. Há uma certa implicância dos votantes com quem é lembrado demais, caso desta veterana, que parece bater ponto na festa da indústria cinematográfica. Mais certa parece a indicação de Keira Knightley por O Jogo da Imitação, ainda mais que a inglesa só foi indicada uma vez e há quase dez na categoria principal (Melhor Atriz por Orgulho e Preconceito, 2005). A Academia adora “voltas por cima”. Agora, se for contar quais das cinco indicadas ao SAG que deve ficar de fora, o nome mais fraco parece ser o de Naomi Watts. Todos sabem que ela é uma ótima atriz, além de ser muito querida pelos colegas (o que deve ter influenciado na votação). Porém, Um Santo Vizinho recebeu uma atenção morna que vem caindo cada vez mais, praticamente eliminando as chances da intérprete concorrer.
Com isso, há outra candidata chegando de mansinho que pode roubar a festa. Jessica Chastain foi esquecida pelo Sindicato de Atores e não concorre ao SAG, mas muitos dizem que isto ocorreu por O Ano Mais Violento não ter sido visto a tempo pela maioria dos votantes. A seu favor constam as indicações ao Globo de Ouro e ao Spirit Awards, ter sido lembrada por críticos de 12 estados norte-americanos e, além de tudo, ter ganho o National Board of Review. E mais: Chastain aparece em nada menos que QUATRO filmes em 2014, todos com performances dignas de premiação. Agora resta saber se justamente por este motivo os votos vão se dividir ou se serão concentrados em O Ano Mais Violento. Se for indicada, pode elevar o status nesta categoria, tão indefinida este ano, e até levar o prêmio para casa.
Mas a lista está longe de ser fechada. Como já disse, neste ano as cartas estão em aberto. Assim, Rene Russo pode ser o patinho feio da vez. Mesmo tendo sido lembrada apenas pelos críticos de Detroit, Los Angeles e San Diego, sua performance tem sido cada vez mais aclamada com o crescimento do buzz sobre O Abutre. Some o fato da atriz fazer poucos filmes, ser muito respeitada pela indústria e, pasmem, nunca ter sido indicada. Outra que pode surpreender é Carmen Ejogo, que tem uma forte participação em Selma, mais um longa que tem crescido perantes os votantes. Ainda assim, não dá para descartar azarões como Kristen Stewart (surpreendente) em Para Sempre Alice e Carrie Coon, a irmã-revelação de Garota Exemplar, entre outras.
Agora, entre as que certamente serão esnobadas, mas mereciam uma lembrança, estão Sienna Miller (por performance dupla ainda, por Foxcatcher: Uma História que Abalou o Mundo e Sniper Americano – este com, levemente, mais chances) e, especialmente, Uma Thurman como a melhor coisa de Ninfomaníaca: Volume I, obra controversa de Lars von Trier. Neste caso específico, o longa está bem longe da popularidade que a Academia sempre busca, o que a elimina totalmente da competição.
CERTEZAS ABSOLUTAS:
QUASE CERTEZAS (?):
QUATRO MULHERES, UMA VAGA:
AZARÕES:
MERECIAM, MAS NÃO VÃO ENTRAR:
As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo. é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
