Alguns anos atrás, a Pixar tomava conta do Oscar de Melhor Animação, inevitavelmente liderando as bolsas de apostas e não raro levando a estatueta com folga. Hoje as coisas não são assim. Essa realidade se alterou boa parte pelo declínio criativo das produções do estúdio agora Disney, mas também por conta do investimento de outras empresas que hoje batem de frente com a responsável por Toy Story (1995), Wall-E (2008), entre outros. Para termos uma ideia, entre os favoritos ao Oscar 2015 nenhum é Pixar.
Em novembro, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas divulgou a lista com os 20 semifinalistas da categoria, inesperadamente sem o representante brasileiro, O Menino e o Mundo (2014). Nem mesmo a credencial obtida com a vitória no Festival de Annecy, um dos mais prestigiados do gênero, foi suficiente para colocar o filme de Alê Abreu no páreo. Seguindo em frente, a movimentação do setor, a seleção de termômetros confiáveis, como o Globo de Ouro, por exemplo, nos dão algumas pistas de quais longas podem figurar entre os cinco selecionados no Oscar.
Uma Aventura LEGO e Como Treinar Seu Dragão 2 são duas apostas quase certas. O primeiro, coprodução EUA/Austrália/Dinamarca, surpreendeu quem esperava apenas um caça-níquel, figurando, inclusive, em algumas listas de melhores de 2014. Já o segundo veio para confirmar que sequências não necessariamente precisam ser inferiores. Isso porque a continuação das aventuras de Soluço e de seu Fúria da Noite é ainda melhor que a anterior. Ou seja, atribuir o mau momento da Pixar (ela novamente) à contínua exploração de franquias é desviar o foco. Filme bom é filme bom, independentemente se sequência, prequel ou original.
Operação Big Hero, baseado numa história em quadrinhos menor da Marvel – isso se a colocarmos em perspectiva com Homem-Aranha, Capitão América, Hulk, Homem de Ferro, entre outros figurões – resultou numa das melhores animações do ano, repleta de personagens carismáticos. Desde já, outro que pode fazer bonito no Oscar. Por sua vez, O Conto da Princesa Kaguya é o “intruso” entre os norte-americanos. O filme de Isao Takahata (co-fundador do Stúdio Ghibli, de Hayao Miyazaki), com base no conto popular japonês O Corte do Bambu, angaria admiradores por onde passa e, levando em consideração a respeitabilidade do Ghibli, bem como o histórico de reconhecimento do estúdio pela Academia, não é difícil colocá-lo entre os prováveis indicados. Fechando a turma dos mais cotados, Os Boxtrolls, longa que chama atenção pela qualidade de sua animação e pelo visual inventivo.
Mas é bom ficarmos atentos, afinal quem disse que, em nome dos velhos tempos, Aviões 2 não seja um concorrente a se considerar? Com menos chances, corre ainda mais por fora Rio 2, do brasileiro Carlos Saldanha, que a despeito do sucesso de seu antecessor, não conseguiu cativar nem as plateias gringas com as “belezas do Brasil”. Festa no Céu, produzido por Guilhermo Del Toro, talvez seja o azarão com mais chances de estar entre os cinco. Vamos aguardar.
CERTEZAS:
QUASE CERTEZAS:
AZARÕES:
MERECIA, MAS NÃO VAI ENTRAR:
As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo. Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.