Todo ano eu bato na tecla: a categoria de Melhor Montagem é a que muitos ignoram, mas a maioria deveria dar maior importância. Não apenas pelo trabalho em si. Ao lado da direção e do roteiro, é a edição de um filme que faz sua costura. No Oscar, o prêmio nesta categoria serve como um termômetro para Melhor Filme, apesar dos últimos dez anos terem sido bem divididos: em apenas cinco ocasiões destas o premiado aqui também recebeu o grande status da noite. Para fazer uma especulação sobre quem pode ou não ser nominado, é preciso cautela, já que boa parte das premiações não incluem a montagem em suas categorias. Nem o Globo de Ouro faz isso. O termômetro mais forte acaba vindo do Eddie Awards, prêmio da American Cinema Editors, que tem boa parte dos votantes também na Academia.
O principal destaque da noite do Oscar neste ano deve ficar com Mad Max: Estrada da Fúria e a montagem eletrizante de Margaret Sixel. Mas o páreo não vai ser fácil, justamente porque seu principal concorrente não vem do Eddie Awards. Spotlight: Segredos Revelados tem sido considerado o único título certeiro em várias categorias, incluindo esta. Ainda que sua montagem seja linear e padrão para uma produção sobre furos jornalísticos, o amor pelo filme tem crescido cada vez mais lá fora. Ou seja, a polarização da noite deve ficar entre estes dois títulos. Ao menos por aqui.
Pietro Scalia impressionou até Ridley Scott com sua edição de Perdido em Marte, sendo um dos nomes mais apurados para figurar na lista final. Ao seu lado está Stephen Mirrione por O Regresso, ainda que o filme estrelado por Leonardo DiCaprio tenha se concentrado mais numa busca por premiar as atuações do que o trabalho mais técnico após receber elogios não tão entusiasmados da crítica. Se continuássemos seguindo o Eddie Awards, teríamos que incluir Joe Walker por Sicario: Terra de Ninguém nesta lista, mas o filme está com mais cara de azarão por alguns motivos básicos: não ter estreado no fim do ano e não ter sido um grande sucesso de bilheteria. “E o que isso influencia?”, podem questionar. Para a Academia, prêmio de indústria, tudo.
Assim sendo, resta uma vaga para fechar esta lista. Será que ela chega com o último dos indicados ao Eddie na categoria dramática que não foi citado aqui ainda, a nostalgia que vem “do lado negro da força” (ok, péssimo trocadilho) de Star Wars: O Despertar da Força, montado por Maryann Brandon e Mary Jo Markey? Ou será que Hank Corwin, indicado a Melhor Montagem em Comédia no Eddie por A Grande Aposta rouba essa vaga? Se o mundo (e o Oscar) fosse justo, Dan Lebental e Colby Parker, Jr. seriam lembrados pela dinâmica, divertida e inventiva edição de Homem-Formiga. Mas aí seria demais para a Academia.
CERTEZAS
QUASE CERTEZAS
AZARÕES
MERECIA, MAS NINGUÉM VAI ENXERGAR