Em 1987, estreou nos cinemas As Bruxas de Eastwick, uma comédia que foi um estrondoso sucesso e que trazia um elenco peso pesado: Jack Nicholson, Cher, Michelle Pfeiffer e Susan Sarandon e com direito a indicações ao Oscar. Em 2000, em Londres, John Dempsey fez a primeira e única adaptação para os palcos até os reis dos musicais no Brasil, Charles Moeller e Claudio Botelho, embarcarem na empreitada e fazerem uma inesquecível adaptação.
Ambientado nos anos 50, o musical conta a historia de três mulheres mal amadas que nutrem o desejo de encontrar o homem ideal para viver. Em um dia qualquer, surge de forma misteriosa o charmoso Darryl Van Horne, que as enfeitiça e vira a conservadora sociedade local de cabeça para baixo. A convivência com o homem libera os “poderes” das três e a relação a quatro horroriza a todos, mas principalmente, a hipócrita Felícia Gabriel. Por fim, os poderes ajudam as bruxas a se livrarem da influência nada boa de Darryl.
Quesitos técnicos já não são méritos e sim obrigações. Depois de uma temporada por Londres, pude constatar a igualdade das produções brasileiras em relação às da Europa. Como de costume, tudo aqui é de primeiríssima qualidade, com destaque para os efeitos de iluminação, principalmente no momento em que as bruxas voam em cima da plateia. Afinal, nada de que venha da dupla Moeller/Botelho poderia ser diferente.
O que conta a favor, mas ao mesmo tempo contra essa produção, é que as músicas não são de conhecimento do grande público. Ao mesmo tempo em que não existe a comparação, também não há uma identificação imediata. Mesmo assim, são canções deliciosas e cativantes.
Resta ao elenco ser o fiel da balança para o até aqui tão incrível As Bruxas de Eastwick, e este não decepciona em momento algum. Pelo contrário, é um dos conjuntos mais fortes de musicais reunidos neste ano.
Sabrina Korgut (Avenida Q), Renata Ricci (Gipsy) e Fafy Siqueira são as rainhas absolutas da montagem. As duas primeiras, que vem a cada nova produção do gênero mostrando seus talentos, dão show no canto e na interpretação na pele das bruxas Jane e Sukie. A veterena Fafy, conhecida das comédias, tem “o” vozeirão e o talento cômico que o papel exige. Eduardo Galvão, no principal papel masculino, faz um belíssimo trabalho, sedutor, diabólico e debochado. O ator, que já tinha feito bonito em Gloriosa, repete uma ótima performance aqui. Já a atriz mais conhecida do grupo, Maria Clara Gueiros, é competente, mas fica nitidamente abaixo das outras duas bruxas – principalmente na parte vocal. O restante dos atores também faz muito bem seu trabalho .
As Bruxas de Eastwick, ao que parece, não fez muito sucesso com o público. Uma pena, já que em minha humilde opinião se firma como o melhor musical apresentado em São Paulo neste ano.
As Bruxas de Eastwick fica em cartaz até 11 de dezembro no Teatro Bradesco.
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