My name is Bond. James Bond. Há 50 anos esta sentença se tornou uma das mais conhecidas da história do cinema. Desde a estreia de 007 contra o Satânico Dr. No, em 1962, o mundo tem se rendido aos longas baseados no agente secreto criado por Ian Fleming. O segredo de tanta euforia? Talvez o fato de Bond não ser apenas um espião, o que por si só já atiça os mais ardorosos fãs dos filmes de ação, mas por levar à telona charme, riqueza e poder. As cerca de 50 bond girls que já passaram uma noite com o agente secreto que o digam.
Esta é a perspectiva que tenho desde quando fui apresentado a Bond em 1995, com Pierce Brosnan interpretando o papel em 007 contra GoldenEye. A mistura de perseguições implacáveis entre o céu e a terra (às vezes até sob a água), um enredo de espionagem beirando à teoria da conspiração e, é claro, sexo à base de martini batido (mas não mexido) fez o agente secreto se tornar um dos meus personagens preferidos, assim como o filme. E sabendo da existência de longas anteriores, não demorou para que logo eu passasse na locadora e pegasse os mais antigos, recuperando desde a primeira fase de Bond, com Sean Connery.
Mesmo com meus parcos 10 anos de idade, comecei a fazer ligações entre os filmes. Afinal, por que todos os vilões era chineses, coreanos, ou russos? Logo descobri um outro motivo para 007 ser 007. Em meio à tormenta silenciosa que foi a Guerra Fria, o Ocidente precisava de um herói que combatesse as “forças do mal” que eram os comunistas. Ou assim se pensava. Bond tornou-se um símbolo do heroísmo, por mais que fosse um bêbado canalha com as mulheres e um adversário dos mais traiçoeiros, como os camaradas vermelhos.
Porém, estudando um pouco mais, começa-se a achar ridículo que, em plena metade da década de 1990, ainda o tema da Guerra Fria imperasse em seus filmes. As produções seguintes mostrariam que, aos poucos, as coisas estavam mudando. Tanto que os últimos adversários de 007 têm sido “colegas” da Europa Ocidental. James Bond está se reinventando. Como disse, aos poucos.
Muita coisa se passou para 007 nestas cinco décadas. A estreia de 007 – Operação Skyfall (2012) só reafirma esta reinvenção do espião. Seis atores já interpretaram o papel: Sean Connery, o cínico debochado; Roger Moore, o quarentão sexy; Timothy Dalton, o bonitão americanizado; Pierce Brosnan, o santo das causas impossíveis. E agora, Daniel Craig. Ok, teve também George Lazenby, mas este prefiro nem comentar, pois só participou de um filme. Cada qual contribuiu para um aspecto diferente da personalidade, levando em conta também o contexto histórico. Se antes James Bond era alguém, aparentemente, quase sem sentimentos, que ligava no automático, transava com todas as mulheres sem o menor pudor e ainda aniquilava os adversários sem pensar duas vezes, agora a situação muda de cenário. Com Craig, Bond está mais humano, apaixonado, vingativo. O que atiça ainda mais a adrenalina na tela. E o melhor de tudo é que ainda sobra espaço para referências aos longas antigos. Quem não lembra da bond girl Jill Masterson com o corpo pintado em ouro e estirada na cama em 007 contra Goldfinger (1964) ao ver, em 007 – Quantum of Solace (2009) Strawberry Fields também morta na cama, mas desta vez com o corpo banhado em petróleo? Inclusive a direção do take é a mesma!
Quem gostou dos últimos filmes não pode perder a oportunidade de ver (ou rever) os longas anteriores. Daniel Craig não deve ser o último Bond da linhagem. Mas enquanto não trocam o rosto do agente secreto, o que interessa é sentar em frente à tela e tentar desvendar a riqueza (ou falta de) dos roteiros explosivos que, convenhamos, volta e meia são extremamente entruncados. E para acompanhar, não esqueça: o Martini é batido, mas não mexido
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