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O roteirista Matias Mariani, a atriz Raquel Karro, a diretora Júlia Murat e o ator Rodrigo Bolzan

O Papo de Cinema esteve com a equipe de Pendular, longa apresentado na seção Panorama da Berlinale. O filme se propõe a uma experiência radical de intimismo ao apresentar a história de um casal de artistas. Ele (Rodrigo Bolzan) é escultor; ela (Raquel Karra), dançarina. Esses protagonistas dividem um enorme armazém onde trabalham separadamente, embora tenham um relacionamento, com direito a momentos de sexo e de enfrentamentos progressivos. De um projeto nascido pequeno, o percurso é auspicioso: Berlinale. “Sim”, diz a diretora Júlia Murat, “É alegria, tensão, nervosismo… Mas tem sido ótimo, há um grande carinho do público aqui, salas cheias, pessoas compenetradas… E o Q & A na Cine Star – aliás uma sala com um som fantástico. A demonstração de amor ao cinema também vem daí, das condições de projeção”.

Pendular foi inicialmente pensado para se adequar a possíveis restrições de produção. No entanto, no fim das contas, não ficou tão pequeno. As estruturas do escultor, por exemplo, exigiram dez toneladas de material e um galpão totalmente reconstruído. Nesse sentido, com uma obra que nasce primeiro do conceito e depois da história, complicou-se um tanto a vida do roteirista Matias Mariani. “Eu estava habituado a criar as histórias primeiro e depois ver o que elas tinham para dizer. Essa forma de trabalhar da Júlia, no começo, foi confusa, ainda demorou um pouco a engrenar”.

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Raquel Karro e Rodrigo Bolzan em cena de Pendular

Sexo sem voyeurismo

A sexualidade é um componente importante do filme. Murat faz questão de salientar que buscou uma abordagem não erótica e não voyeurística, “As cenas de sexo fazem parte da vida das pessoas, elas se modificam na medida em que a relação evolui”, diz. Mas há algumas ousadias que ainda exigiram esforços dos atores. “Eu nunca tinha feito”, diz Raquel. “Eu percebi que aquilo ia ser um jogo de cinema, com improviso. O momento-chave foi quando deixei de me preocupar com isso. Quando você faz é muito chato, mas, a partir do momento em que você confia na diretora, no parceiro, na câmera, você faz tudo”.

 

Romantismo não, talvez hipster

Se sexo fácil não interessa, romantismo também não, embora a diretora admita certo “hipsterismo” no modelo de vida, mais dos personagens que do seu idealismo pessoal. O ator Rodrigo Bolzan acrescenta que o espaço em conjunto “viabiliza a vida de duas se conheceram mas também querem trabalhar. Pode ser romântico, no sentido de que é sujo, mas também gosto de pensar que é algo pragmático”, conclui. Já comprado pela Vitrine Filmes para distribuição no Brasil, Pendular deve ser lançado no segundo semestre.

(Entrevista feita ao vivo em Berlim, Alemanha)

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