INDICADAS
Parece que este ano teremos uma estreante como a grande estrela da noite. Por O Quarto de Jack, Brie Larson já levou o Globo de Ouro de Atriz em Drama, o Bafta, o Critics Choice, foi eleita a melhor do ano por praticamente todas as agremiações de críticos dos estados norte americanos e o prêmio principal de todos, o do Sindicato de Atores. Sua principal concorrente, indicada oito anos atrás como Melhor Atriz Coadjuvante por Desejo e Reparação (2007), é Saoirse Ronan. A atriz ganhou mais prêmios britânicos, como o British Independent Film Awards, mas foi indicada em todas as premiações dos EUA, além de ter ficado em segundo lugar em boa parte dos estados norte americanos, inclusive batendo a colega favorita em alguns casos.
A inglesa Charlotte Rampling foi muito aclamada quando surgiu sua indicação por 45 Anos, mas as palmas logo se tornaram silenciosas com as declarações da atriz por parte de um suposto “racismo branco” quando a discussão sobre a falta de negros no Oscar deste ano veio à tona. Ou seja, conseguiu virar parte de sua torcida para o outro lado. Suas chances, que já não eram altas, diminuíram consideravelmente após o episódio, Fica mais como lembrança por sua carreira, já que é a primeira vez que foi lembrada pela Academia.
A australiana Cate Blanchett foi exaltada por Carol, mas o fato de já ter ganho o prêmio duas vezes (como Melhor Atriz por Blue Jasmine, 2013, e Melhor Atriz Coadjuvante, por O Aviador, 2004) deixam suas chances lá embaixo. Quem também está praticamente nula na disputa é Jennifer Lawrence, que parece ter entrado apenas para fechar as indicadas (em detrimento de outras colegas com melhor qualidade neste ano, diga-se). Por Joy: O Nome do Sucesso, a estrela em ascensão chega à sua quarta lembrança no Oscar, mas fora o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Comédia ou Musical, seu filme não fez barulho nenhum. Pela primeira vez ela parece ser o peixe fora d’água aqui.
Em sua primeira indicação ao Oscar, Brie Larson já chega como a grande aposta da noite por conta de sua carreira nas premiações e pelo crescimento que o longa teve (inclusive indicado à Melhor Direção, algo inesperado). Ainda que muitos falem que seu colega de cena, Jacob Tremblay (injustiçado pela Academia) é quem rouba a cena – o que não deixa de ser verdade -, sua atuação intimista como a mãe que proporciona toda uma nova visão de mundo para criar seu filho da maneira mais correta possível em um cativeiro é racional e emocionante na mesma medida.
Eu gosto da atriz. De verdade. Mas Hollywood precisa parar de puxar o saco dela um pouquinho. Sua performance em Joy não é nada demais. Ainda por cima, o filme não ajuda a desenvolver sua personagem, o que acaba eclipsando em sua atuação. Qualquer outra colega mais cotada poderia entrar em seu lugar. De qualquer maneira, não tem chance nenhuma. Só mais uma indicação para colecionar no currículo.
Há várias que poderiam ser citadas, porém, vamos nos ater à Charlize por vários motivos: Mad Max: Estrada da Fúria foi indicado a dez Oscar, incluindo Melhor Filme. Sua personagem é a protagonista que rouba a cena do personagem título. E o principal: sua performance é intimista dentro de um contexto ensandecido de um filme de ação. Aliás, aqui bateu mais forte o preconceito contra este estilo de produção, já que heróis e afins raramente são lembrados por fugirem de uma estética de filme “mais artístico” (algo que nem o Oscar em geral consegue contemplar de várias formas). Shame on you, Academia.