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Neste ano é Sandy Powell vs. Sandy Powell na categoria Melhor Figurino. E, curiosamente, em ambos os filmes a figurinista vestiu Cate Blanchett. A três vezes vencedora do Oscar criou as belas vestes tanto de Carol quanto de Cinderela e se aproxima de alcançar sua quarta estatueta dourada. Em sua frente estão Jenny Beavan, em um trabalho digno de prêmios (e principal concorrente de Powell na caregoria) em Mad Max: Estrada da Fúria ; Jacqueline West, com seus vestuários animalescos de O Regresso; e Paco Delgado, com o singelo A Garota Dinamarquesa. Existe apenas um vencedor. Portanto, quem será?
Ainda que a produção de Todd Haynes tenha sido indicada a muito menos prêmios do que deveria, seria uma lástima vê-la saindo de mãos abanando da festa. Sandy Powell capricha nos looks da década de 1950 e transforma Cate Blanchett em uma diva da Hollywood da época de ouro. Enquanto a estrela brilha, sua parceira de tela se mostra low profile, algo que também se nota através das roupas que usa – e como ela vai as mudando ao passo que conhece mais Carol. Um belo e minucioso trabalho, merecedor de todo o louro que puder receber.
A junção do velho e do novo nesta produção fez toda a diferença para que acreditássemos estar naquele mundo sujo, árido e colorido proposto por George Miller. O diretor comentou que buscou na direção de arte e nos figurinos algo de muito extravagante, pois pessoas que vivessem naquela realidade escolheriam o que de mais intenso e belo conseguissem achar para enfeitar seus corpos, carros, etc. Com isso em mente, Jenny Beavan construiu figurinos que seguissem essa ordem. Desde os trapos usados por Max, passando pelas vestimentas rudes de Imperator Furiosa, até as leves e etéreas roupas das noivas de Imortan Joe. Tudo muito bem calculado para nos transportar para aquele universo fantástico e doido.
O trabalho de Paco Delgado é digno de nota, conseguindo dar uma gama de cores interessante para os dois personagens que Eddie Redmayne tão intensamente vive no filme. Apesar de ser um belo desempenho, Delgado deve ser o menos cotado para o prêmio, até pela força diminuta que a produção dirigida por Tom Hooper alcançou depois de lançado.
Quentin Tarantino construiu um western intimista, praticamente o filmando todo em um pequeno local, o Armarinho da Minnie, com uma câmera 70mm. Mais utilizada para capturar grandes paisagens ou cenários gigantescos, a película, naquele ambiente diminuto, acabou dando maior dimensão para direção de arte e aos figurinos do longa-metragem. Mesmo este advento acabou não chamando a atenção dos votantes da Academia, que deixaram este belo trabalho de Courtney Hoffman fora da lista final.