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Todo ano é a mesma coisa. Os cinemas recebem enxurradas de lançamentos semanalmente, o público lota as salas e a crítica dá suas notas para os filmes que entram em cartaz. E é claro que no meio de tudo há produções de todos os gêneros que também variam em sua qualidade. O ano de 2015 foi considerado uma verdadeira “zica” por conta do alto número de tragédias naturais e atentados, mortes de celebridades, inflação no teto, crise política e econômica… Obviamente, no cinema não poderia ser diferente e teve muito longa ruim, sim, chegando às telonas. Como é nossa obrigação assistir a tudo que foi lançado, resolvemos fazer aquela uma lista que todos adoram odiar: os piores filmes do ano! Então, sei mais delongas, confiram o nosso ranking de produções de gosto duvidoso!

 

INTO THE WOODS

10 – Caminhos da Floresta (Into the Woods, 2015)
Reunir um elenco estelar em um musical nem sempre é atestado de que resultará em uma produção de qualidade. Rob Marshall que o diga. Ultimamente o realizador vem desperdiçando elencos excepcionais em trabalhos cada vez mais enfadonhos. Aconteceu com Nine (2009) e volta a acontecer com a adaptação de Caminhos da Floresta. Na trama que reúne diversos contos de fadas, Meryl Streep interpreta uma bruxa que destina um padeiro e sua esposa a procurar um item mágico que pode reverter a infertilidade do casal. Mais uma adaptação de um musical da Broadway pela visão de Marshall, Caminhos da Floresta carece de carisma em suas interpretações musicais. Se Emily Blunt se entrega completamente a sua personagem de forma dramática e James Corden se mostra uma revelação, por outro lado não parecem encantar através do canto, detalhe essencial para uma filme do gênero musical. Streep até se salva com a interpretação da única canção memorável, a ótima “Stay with me”. Com uma narrativa conturbada e com problemas de ritmo, Marshall desconstrói de maneira negativa mais um musical clássico que originalmente subverte os clichês dos contos de fadas. O que antes, na sua gênese, era contestatório, se transforma em um inexpressivo show nas mãos do diretor e da Disney. – por Renato Cabral

 

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9 – Voo 7500 (7500, 2014)
Um primeiro ato muito tenso, apesar de recheado com figuras clichês, leva os passageiros de uma aeronave a um mistério envolvendo um desaparecimento, um falecido e ainda uma estranha névoa presa na viagem com eles. Lá pelo meio do segundo ato, quando tudo parece se encaminhar com muita criatividade para um clímax assustador… Fim. Com pouco mais de uma hora e dez minutos, roteirista e diretor parecem ficar sem idéias e encerram o longa no momento que deveria ser o começo do seu ápice. Com anticlímax abrupto, o final acarreta também um tom de estupidez que derruba e invalida qualquer mérito anteriormente conquistado. Como uma fileira de dominós, a partir da última cena todo o resto para trás começa a parecer muito obtuso. A “reviravolta” (sério mesmo?) é tão previsível que surpreende justamente pelo fato de descartamos a sua possibilidade, pois acreditamos que os realizadores não cometeriam tal gafe – ingênuos otimistas. Mas Voo 7500 faz o melhor (ou seria o pior?) que pode para decepcionar com um vácuo de idéias que suga qualquer paciência ou inteligência investidas em sua duração – que pelo menos é bem curta. O diretor podia ter feito algo bem melhor. – por Yuri Correa

 

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8 – Super Velozes, Mega Furiosos (Superfast!, 2015)
Jason Friedberg e Aaron Seltzer não sabem fazer paródias. Ninguém nunca deve ter falado isso para eles, mas é a verdade. Cada filme da dupla prova isso de maneira irritante, buscando sempre brincar com elementos de outras produções, mas sem exibir um pingo de talento para fazer o público rir das piadas, que parecem ter sido boladas por adolescentes imaturos que acham graça em qualquer coisa. Desta vez o alvo dos diretores foi a franquia Velozes e Furiosos, que seria um prato cheio para risos se a dupla tivesse alguma noção de comédia. Como não é o caso, esse Super Velozes, Mega Furiosos representa outro trabalho estúpido por parte dos diretores, que seguem a história dos longas da série estrelada por Vin Diesel enquanto atiram piadas para todos os lados sem fazer nenhuma delas funcionar, consequentemente tornando a produção incrivelmente aborrecida (na verdade, se Friedberg e Seltzer têm algum talento, este é deixar o espectador com sono). Assistir a qualquer um dos sete Velozes e Furiosos rende uma experiência mais divertida do que esse filme, que acaba sendo apenas um teste de paciência. – por Thomás Boeira

 

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7 – Entrando Numa Roubada (2015)
A iniciativa de se fazer cinema de gênero no Brasil é sempre louvável, já que há pouco investimento neste tipo de produção por aqui. Infelizmente, a boa vontade não é o bastante para realizar um filme de qualidade, como comprova esta estreia do compositor de trilhas sonoras André Moraes como diretor. Tentando imprimir uma linguagem pop e estilizada ao seu longa, Moraes acaba reciclando tiques visuais já empregados com melhores resultados – até mesmo no próprio cinema nacional, como em 2 Coelhos (2011) – e que soam desgastados. Tecnicamente, o diretor até consegue driblar as limitações orçamentárias, mas nada é suficiente para suprir a maior carência deste trabalho: o roteiro. A história absurda de uma equipe cinematográfica que, para se vingar de um antigo desafeto, resolve rodar um filme de ação registrando assaltos reais, não resiste a qualquer análise superficial, pois o número de furos e a falta de coerência da trama exigem um nível de suspensão de descrença que desafia a paciência dos espectadores. O bom e estrelado elenco pouco tem a fazer com diálogos sem inspiração e personagens unidimensionais, contribuindo para a total falta de equilíbrio do filme. Até poderia ser encarado como um divertimento escapista, mas, para isso, precisaria ser divertido. – por Leonardo Ribeiro

 

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6 – Minions (Minions, 2015)
Eles são fofos, carismáticos e muito engraçados. Roubaram as cenas de Meu Malvado Favorito (2010) e Meu Malvado Favorito 2 (2013) e conquistaram mais admiradores que o vilão atrapalhado Gru e até mesmo que a pequena Agnes. Sendo assim, Minions, o filme solo das pequenas criaturas amarelas, tinha tudo para ser uma das melhores animações do ano, certo? Errado. E muito errado. A produção da Illumination Animation peca em tantos aspectos que os duzentos caracteres deste texto não são suficientes para aponta-los. Hilários quando coadjuvantes, os Minions simplesmente não funcionam como protagonistas e, num fiapo de enredo, disparam uma série de gags que, ou soam incorretas e sem graça ou simplesmente inadequadas para espectadores que não tenham referência do que foi os anos 1960 nos Estados Unidos e Inglaterra. Para uma história de origem, Minions sequer apresenta de onde estes personagens surgiram, que língua eles falam ou o que realmente eles são. E considerando que esta é uma série sobre pequenos seres que idolatram vilões, os realizadores não poderiam ter errado mais com a anódina e esquecível Scarlet Overkill. Eis outra animação que serve mais como marketing para um infinito de produtos licenciados do que efetivamente para funcionar nas telas. – por Conrado Heoli

 

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5 – O Sétimo Filho (Seventh Son, 2014)
Em um primeiro momento, O Sétimo Filho não parecia a bomba que provou ser quando chegou aos cinemas. O elenco encabeçado por Jeff Bridges e Julianne Moore tinha potencial no quesito atuações e uma produção de fantasia baseada em sucessos literários já se mostrou um ótimo programa no passado. Infelizmente, nem bons atores como os citados conseguem boas performances quando comandados por diretores pouco talentosos, como é o caso de Sergey Bodrov. Com personagens unidimensionais e história entediante e pouco original, O Sétimo Filho se mostrou tão fraco que até foi citado como um ponto falso na campanha do Oscar de Julianne Moore, que concorria por Para Sempre Alice (2014), e que havia se queimado ao aceitar ser vilã desta produção. Com Ben Barnes e Alicia Vikander no elenco, o filme conta a história do rapaz do campo que é retirado de sua rotina para uma aventura extraordinária, combatendo uma força do mal terrível ao lado do seu mentor. É a jornada do herói repaginada pela enésima vez nos cinemas, mas sem personagens interessantes, nem uma trama curiosa ou bons efeitos visuais. Um festival de bocejos, com atores premiados garantindo o seu cachê apenas para pagar as contas do mês. – por Rodrigo de Oliveira

 

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4 – Mortdecai: A Arte da Trapaça (Mortdecai, 2014)
Ah, Johnny Depp. Como te defender? Nos últimos anos seus papeis tem sido reles rascunhos de seu (quase eterno) Jack Sparrow. E isso não é algo bom, não. O diretor David Koepp deu um ultimato à sua carreira com este personagem, que parece mais interessado em ficar brincando com o bigode em 90% da produção do que realmente ser parte ativa da história.  E seus colegas de elenco não ajudam. Não que possam, coitados. Estão todos apagados por uma direção sem rumo e um roteiro pífio. Paul Bettany vive um personagem machista e misógino que dá em cima de qualquer mulher (todas aleatórias, por sinal, uma ode ao feminismo – só que ao contrário), Ewan McGregor tem uma paixão enrustida e sem sal por Gwyneth Paltrow, que também tenta, mas está tão perdida quanto qualquer um na tela. E a história? Bem… que história mesmo? Um talentoso colecionador de arte (Depp) endividado com o governo precisa ajudar o serviço secreto britânico para resolver um assassinato. Mal sabe ele que o agente escolhido para auxiliá-lo (McGregor) está mais interessado em sua esposa (Paltrow) do que no caso. E qual um dos principais motivos da crise conjugal que pode atrapalhar tudo? O tal bigode maldito que se torna peça essencial da trama. Pode isso? Vergonha alheia define. Sorte sua, Depp, que lançaram Aliança do Crime (2015) este ano. Ou você ia virar 100% alvo de deboche em 2015. Ficou só com uma parcela disso. – por Matheus Bonez

 

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3 – O Garoto da Casa ao Lado (The Boy Next Door, 2015)
Há um bom tempo Jennifer Lopez deixou de se levar a sério, assumindo-se mais como celebridade do que como atriz ou cantora. Uma pena, pois possui bons trabalhos no currículo em ambas as atividades – é dela hits como Love Don’t Cost a Thing, além de ter conseguido uma indicação ao Globo de Ouro por sua atuação na cinebiografia Selena (1997). Mas se há anos ela não aparece em um filme que preste, em 2015 a estrela chegou ao fundo do poço com esse thriller absurdo conduzido pelo diretor Rob Cohen – o homem por trás de títulos como Velozes e Furiosos (2001) e A Múmia: Tumba do Imperador Dragão (2008) – e cujo único propósito é tentar vendê-la como um símbolo sexual ainda em alta, mesmo que esteja próximo dos cinquenta anos (talvez por isso sua personagem tenha no mínimo dez anos a menos que a intérprete). Ao seu lado está o galã novato Ryan Guzman (quase vinte anos mais novo), e os dois envoltos em um telefilme mequetrefe que recicla clichês que na época de Atração Fatal (1987) – ano, aliás, em que o rapaz nasceu – já eram ultrapassados. Misógino, machista e inverossímil é o mínimo que se pode dizer a respeito. – por Robledo Milani

 

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2 – O Destino de Júpiter (Jupiter Ascending, 2015)
Devemos admitir, com O Destino de Júpiter Andy e Lana Wachowski tentaram se afastar da produção audiovisual em série articulada por grandes estúdios, poderosos produtores e fracos roteiristas, todos responsáveis por franquias bilionárias e infindáveis que pouco oferecem ao cinema. Distantes das armadilhas da fabricação industrial de clones fílmicos, os irmãos se lançaram em uma space opera de aventura com tintas originais, tão frenética e megalomaníaca quanto um videogame, porém pobre em argumento, maniqueísta em suas acepções políticas e ingênua em suas soluções genético-messiânicas. Com uma trama imperial confusa, que se resume em conflitos familiares transgeracionais muito mais próximos do melodrama televisivo do que da alta dramaturgia, os Wachowskis contam a história da humana Jupiter Jones (Mila Kunis), herdeira de uma nobre linhagem intergaláctica praticamente imortal que precisa defender a Terra da destruição planejada pelo alien bipolar Balem (Eddie Redmayne). Como em Matrix, o filme gira em torno da ideia do homo sapiens como simples fonte vital para terceiros – apenas troque aqui as máquinas pela corte jupteriana. Tão ruim quanto o enredo rocambolesco é a afetada atuação de Redmayne, variando entre o monocórdico inaudível e os berros histéricos. Bem, talvez ele tenha sido o único a levar o filme a sério. – por Danilo Fantinel

 

Fifty Shades of Gray

1 – Cinquenta Tons de Cinza (Fifty Shades of Grey, 2015)
As coisas já começam muito mal nesta adaptação do livro homônimo escrito por E. L. James. Aquela cena da menina entrevistando o multimilionário chega a ser quase constrangedora de tão artificial. Na medida em que eles passam a se relacionar, o que temos é um conto de fadas, com o príncipe apaixonado pela plebeia. O que pode atrapalhá-los é a inclinação sádica dele, sua propensão a dominar e subjugar quase completamente suas parceiras. Delineados os personagens e a dinâmica entre eles, tudo transcorre sem graça. As cenas de sexo poderiam ser muito mais ousadas e se não são, imaginamos, boa parte é por influência dos produtores, já que uma classificação alta não é algo bom para os negócios. Dakota Johnson vai relativamente bem como a mocinha virginal que se submete a levar umas palmadas para satisfazer o homem que ama. Já Jamie Dornan, embora consiga num primeiro momento encarnar a secura emocional do Sr. Grey, não é capaz de transmitir sutilmente a influência que essa menina teimosa terá em sua vida. Fora os deméritos da trama originária do livro, cinematograficamente é tudo muito limpo, simétrico, arrumado, ou seja, asséptico demais. Em suma, sem sal ou qualquer outro tempero. – por Marcelo Müller

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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