Vampiros estão na moda ou sempre estiveram? Toda a onda parece ter sido retomada pela escritora Stephenie Meyer com seus quatro livros, que acabaram no cinema com as produções da Saga Crepúsculo. Mas não é apenas dos filmes bonitinhos que falo. Essa “volta às telonas” das criaturas da noite não veio agora com essa série. Há alguns anos Hollywood tem apostado alto com variados títulos a respeito do tema.
Há 20 anos tivemos Drácula de Bram Stoker (1992), baseado na obra do autor homônimo e dirigido por Francis Ford Coppola. Gary Oldman fez o papel principal, retomando algumas das diversas origens do vampirismo. Pouco depois, em 1994, Entrevista com o Vampiro fez sucesso com Tom Cruise, Antonio Banderas, Brad Pitt, Christian Slater e uma novata Kirsten Dunst no elenco. Esses dois filmes retomavam a antiga ideia dos vampiros – que pairou até o século XIX – de que estes seres viviam solitários, aquém da sociedade.
O interessante é que anos mais tarde novos filmes sobre o tema surgiriam, desta vez com uma nova roupagem e ideias apropriadas para “os novos tempos”: vampiros existem até hoje, confinados em grupos. Praticamente uma minoria às margens dos humanos. Os maiores destaques são a trilogia Blade (1998-2002-2004) e a quadrilogia Anjos da Noite (2003-2006-2009–2012), que puxaram toda esta história para projetos cheios de ação e efeitos especiais.
Blade traz Wesley Snipes na pele de um híbrido, um homem metade vampiro, metade humano. Quando sua mãe estava grávida foi mordida por um aspirante a Conde Drácula, o que fez o DNA do filho ficar deste jeito. Não à toa ele se tornou um caçador de vampiros. Mais ou menos como a ótima série de televisão Buffy – A Caçadora de Vampiros (1997), que após o término continuou suas aventuras em quadrinhos. Por sinal, Blade é um personagem de HQs não muito valorizado. É incrível que pouquíssima coisa deste anti-herói foi publicada aqui no Brasil nos últimos anos. Mas tudo bem, os filmes já satisfazem um pouco da necessidade. Os três são divertidos, cheios de sangue e com referências inteligíveis sobre a história dessas criaturas. E o que Blade tem de fazer: enfrentar grupos de vampiros que vivem escondidos, mas querem ascender e se tornar os supra-sumos do mundo.
Praticamente a mesma premissa de Anjos da Noite. A diferença é que nesta série, a heroína é uma vampira (Kate Beckinsale), que descobre uma conspiração por trás da guerra entre as criaturas da noite e lobisomens. Tudo no século XXI, com vampiros high-tech e tudo mais. Diversão explosiva aliada a, em geral, roteiros plausíveis (nada demais, mas que contam uma boa história).
Retomando a série Crepúsculo, que também teve um início interessante, apesar de ser visivelmente voltada apenas a adolescentes. O problema é que a história começou a degringolar a partir do terceiro capítulo, Eclipse (2010), chegando ao cúmulo do absurdo e da ruindade em Amanhecer – Parte 1 (2011). Agora chega aos cinemas a última parte da saga, mas que pelo andar da carruagem, não deve finalizar de forma satisfatória uma história que começou muito bem.
Este novo fôlego dado aos seres da noite também é sucesso na televisão. Há diversas séries que retomaram o assunto, sendo duas com maior destaque: The Vampire Diaries (2009) e True Blood (2008). A primeira está em sua quarta temporada e tem uma premissa parecida com a de Crepúsculo: uma adolescente “normal” se vê dividida entre dois irmãos vampiros que voltaram à Mystic Falls, uma cidade do interior dos EUA cheia de mistérios. Apesar da semelhança, aqui a história é mais desenvolvida e bem dirigida.
Já True Blood tem uma linha mais adulta e retrata um mundo em que os vampiros saíram do caixão e resolveram se assumir para a humanidade. O problema é que nem todo mundo gosta disso e agora, na quinta temporada, tivemos uma guerra entre “chupadores de sangue” e humanos declarada. Mas a série não lida apenas com vampiros. Temos uma telepata chamada Sookie (a personagem principal interpretada por Anna Paquin), que na verdade é uma fada, além de metamorfose, lobisomens, bruxas, monstros gregos, etc. Às vezes este carnaval de idéias prejudica o andamento das tramas.
Será que o tema logo vai voltar com força para o cinema? Espero que sim, e cada vez com mais qualidade. Clássicos sempre serviram de base para bons (ok, e péssimos) filmes. Vide o pavoroso Abraham Lincoln – O Caçador de Vampiros (2012). Apesar deste péssimo título, outros melhores devem surgir (espero). Que apareçam mais caninos afiados!