O penúltimo dia de competição foi, talvez, o mais equilibrado, com dois dramas de diferentes nacionalidades e estilos, sendo exibidos. Confira um panorama das sessões!
Jimmy’s Hall (idem, 2014)
=D Muito Bom
O cineasta britânico Ken Loach tem uma legião de fãs mundo afora e no festival, parece, não é diferente. Isso explica os 12 prêmios já recebidos em Cannes, mesmo que somente um, por Ventos da Liberdade (2006), seja a Palma de Ouro. Jimmy’s Hall foi recebido com muitos aplausos e bons comentários após a sessão.
A história se passa cerca de 10 após a guerra da independência na Irlanda e conta sobre um fato real contra James Gralton, que acreditava na liberdade e acabou sendo irônica – e absurdamente – deportado de seu próprio país. O motivo da punição foi ter reaberto um lugar criado para que a população tivesse um espaço para a arte, dança, música e o esporte, como o boxe. E como a Igreja não apoiava a iniciativa, associando-a ao comunismo, entre outras “pragas” da época, deu no que deu.
O roteiro do parceiro Paul Laverty, baseado em peça homônima, pode até não reservar para o espectador nenhuma surpresa, mas sua capacidade de envolvimento é inquestionável, fazendo você, temporariamente, voltar no tempo e conhecer essa história absurda. Parte do mérito, vale lembrar, se deve ao elenco bastante coeso. Além de uma tocante cena de dança (proibida) sem música (proibida), o destaque vai para os diálogos entre o padre e Jimmy, como o ocorrido em lugar para lá de simbólico: dentro de um confessionário.
Leviathan (Левиафан, 2014)
Bom :)
Com diversos prêmios na carreira, o diretor russo Andrey Zvyagintsev já esteve em Cannes outras duas vezes e, com Elena (2011), saiu daqui com o Prêmio Especial do Júri da Mostra Um Certo Olhar. Apesar dos aplausos e risos da imprensa estrangeira na primeira exibição de Leviathan, na noite desta quinta-feira, 22, não deve sair daqui com algum prêmio.
Ao som de Phillip Glass, a história começa situando você em um lindo e ao mesmo tempo inóspito local. Lá, você conhece um homem que anda tendo problemas com a justiça, devido ao interesse imobiliário do prefeito em sua propriedade. Mesmo sabendo que não tem muitas chances contra a corrupção, ele enfrenta o poder e acaba provocando um sério problema em sua vida.
O roteiro de Zvyagintsev botou amor, corrupção, família e religião no mesmo saco, e isso fez com que essa experiência regada a muita vodka e sarcasmo político se tornasse apenas interessante. Sua longa duração (2h21m) também é um ponto negativo, ainda mais em uma sessão noturna, após dias de maratona cinematográfica com poucas horas de sono. Mas isso é detalhe…