Um drama familiar, outro de guerra e um longa em 3D de Jean-Luc Godard. Confira o panorama das sessões que movimentaram o oitavo dia de programação oficial do Festival de Cannes 2014!
The Search (idem, 2014)
=D Muito Bom
Único título vaiado e aplaudido pela imprensa até o momento da competição, o drama de guerra do mesmo diretor do oscarizado O Artista (2011) pode ter sido vítima de preconceito e, mais além, de falta de educação. Sua trama se passa durante os horrores da Segunda Guerra da Chechênia, de 1999. Nela, um menino viu seus pais serem assassinados e tomou uma medida extrema: deixou o irmão bebê na porta de estranhos, fugindo em seguida, acreditando que a irmã mais velha também estaria morta. Enquanto ela procura pelos dois, ele acaba na casa de uma solitária executiva da ONU, que muda sua percepção sobre o evento a partir dessa experiência. Em outra ponta, um jovem russo, apanhado nas ruas, vai aos poucos virando um soldado insano.
Escrito e dirigido por Michel Hazanavicius, que volta a trabalhar com Bérénice Bejo, em atuação honesta, o roteiro apela para alguns clichês, sem que isso comprometa o resultado final, interessante do ponto de vista da narrativa e da qualidade visual.
http://www.youtube.com/watch?v=GcimmToPFR0
Adeus à Linguagem 3D (Adieu au Langage, 2014)
Ruim :(
O Grand Lumière estava cheio em um horário pouco usual. A duração de apenas um hora do filme permitiu esse encaixe e a presença das pessoas tinha uma razão: o longa (?) era de Jean-Luc Godard.
O bom de participar de festivais e mostras é conquistar experiências e, entre elas, sem dúvida, obras com sinopses sem sentido são indicativos de que vem bomba por aí. Exagero? Confira você mesmo o trecho inicial que diz: “A ideia é simples. Uma mulher casada e um homem solteiro se encontram. Punhos voam. Um cão vagueia entre a cidade e país.” Diante do texto e após as imagens, a conclusão também é simples: um emaranhado de imagens artísticas (?) com cores saturadas e brincadeiras escalafobéticas com o som.
http://www.youtube.com/watch?v=i7vfbVJ_3WY&feature=youtu.be
Mommy (idem, 2014)
Muito bom :)
Exibido em duas sessões noturnas seguidas, o longa do queridinho e premiado cineasta canadense Xavier Dolan teve ótima recepção. Em cena, jovem de temperamento explosivo e dificuldades de relacionamento toca o maior rebu nas instituições por onde passa, a ponto de sua mãe ser obrigada a mantê-lo em casa, longe de todos, porque ninguém mais quer o enfant terrible por perto. O problema é que o rapaz não tem limites e o amor que sente pela mãe, além de suas atitudes com os outros, beiram a insanidade. Agora ela precisa parar de fechar os olhos para tudo e agir, antes que seja tarde demais. Mas a tarefa não será nada fácil.
Repleto de momentos pra lá de interessantes, Mommy começa numa arrancada incrível, levando o espectador longe, inspirado pela trilha sonora, com Oasis e Counting Crows, entre outros. Mas com o passar do tempo vai perdendo o ritmo e a longa duração (2h20m) torna isso mais evidente. Ainda assim, é um filme bem interessante. Com três passagens por Cannes e cinco prêmios daqui em casa, Dolan ainda não tem sua Palma de Ouro. Se chegou a hora ou não falta pouco para saber…
Últimos artigos deRoberto Cunha (Ver Tudo)
- Linda de Morrer - 19 de agosto de 2015
- Quase Samba - 10 de junho de 2015
- Wyrmwood - 27 de maio de 2015
Simples e diretos relatos. Muito bom, Roberto.