O tema do XVII Cine PE – Festival do Audiovisual é “fanáticos por cinema – o país do futebol cada vez mais o país do cinema”. E a alegoria futebolística está presente por todos os lados, desde a entrada do Centro de Convenções do Teatro Guararapes, em Olinda, que ao invés do Tapete Vermelho tão comum no Festival de Gramado tem-se um gramado marcado por cal, remetendo a um campo de futebol, até as vinhetas de divulgação do evento, que mostra uma seleção nacional composta por alguns dos nomes de maior destaque da nossa cinematografia, de Pixote até o Capitão Nascimento.
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Outra diferença do Cine PE para outros festivais brasileiros tradicionais, como Gramado ou Brasília, é a exibição de apenas um longa (com uma única exceção) por noite. Assim, abre-se mais espaço para a disputa de curtas-metragens (que são exibidos na primeira metade de cada noite) e o público fica mais descansado e, consequentemente, mais atento a todos os filmes em exibição.
A noite de abertura, no dia 26 de abril de 2013, foi composta pela projeção de três curtas e um longa. Além disso, houve a apresentação de todos os patrocinadores e também uma justa homenagem ao Canal 100, que durante anos foi a principal referência na cobertura de eventos esportivos, e seus arquivos hoje representam um importante pedaço da nossa memória audiovisual.
O primeiro curta da noite foi 12:40, ficção de Alagoas com roteiro e direção de Dário Jr. Antes da projeção o diretor e a equipe subiram ao palco para agradecer a oportunidade de participarem do evento e também para o primeiro protesto desta temporada. Reclamaram da falta de uma política pública cultural de incentivo à produção audiovisual no estado deles, ressaltando a grande dificuldade que foi a conclusão deste projeto. Bom, pelo que se vê na tela – uma trama amadora e com evidentes carências técnicas sobre um homem endividado que resolve se suicidar na linha de trem no horário apontado pelo título – percebe-se uma boa vontade da comissão de seleção em chamá-los mais por um posicionamento político do que pela qualidade da obra – pois esta não possui nem a mínima necessária para um certame regional, quanto mais um festival de alcance nacional. Se este for o mote de todo o evento, é de se temer pelo que há por vir.
Mas a situação melhora bastante com Íris, de Kiko Mollica e com roteiro do geralmente ótimo José Roberto Torero (diretor de Como fazer um filme de amor, 2004). A trama, sobre um casal formado por um rapaz cego e sua esposa que o estimula a fazer a cirurgia para corrigir a visão, possui sacadas ótimas, um texto inteligente, diálogos inspirados e um final corajoso e surpreendente, que faz uso do humor negro para conquistar o espectador. Esse gol foi dentro, e pode render bons resultados no final dessa partida.
O terceiro curta da noite de abertura foi a animação Joana, escrita, dirigida e produzida por Daniel Pinheiro Lima. Provoca pesar e até um pouco de constrangimento constatar que o trabalho de anos possa ser tão pífio e insignificante, mas é o que acontece aqui. A história da menina do título, que vive nas ruas e que, ao mesmo tempo em que inveja, sonha em se aproximar das crianças que brincam nas piscinas das vizinhanças, é até bem intencionada – mas disso, como todos bem sabem, o inferno está cheio. Descartável é o melhor que pode ser dito a respeito.
Por fim, tivemos o primeiro longa da mostra competitiva, a comédia Giovanni Improtta, estreia da direção de José Wilker. O astro, aliás, também interpreta o personagem-título, que por sua vez já havia sido visto na novela Senhora do Destino e no livro Prendam Giovanni Improtta, de Aguinaldo Silva. O mais surpreendente deste trabalho aconteceu no dia seguinte, durante o debate com a imprensa, quando Wilker anunciou que não havia feito uma comédia. Bom, se sua intenção era deixar todos na plateia de cara amarrada sem provocar nenhum riso, é preciso reconhecer que ele foi bem sucedido. Confira aqui no Papo de Cinema a crítica completa de Giovanni Improtta e todos os detalhes do XVII Cine PE em nossa Cobertura Especial!
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