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Cine PE 2013 :: A última das homenagens

Publicado por
Robledo Milani
silvio tendler papo de cinema 02
Silvio Tendler no palco do Cine PE

Ao contrário de outros festivais, que procuram distribuir durante sua programação a presença dos seus homenageados, o XVII Cine PE preferiu concentrar os momentos de honra do evento logo no início, numa sequência que ocupou os três primeiros dias de atrações. E após o resgate histórico do Canal 100, bastante propício ao tema deste ano do encontro – Brasil, país do futebol e cada vez mais também do cinema – e da participação iluminada de Marieta Severo – que ao mesmo tempo em que foi recebida com honras aproveitou para apresentar seu último longa, Vendo ou Alugo, também na competição oficial – no terceiro dia de atividades ofereceu uma luz a um dos mais importantes cineastas brasileiros, merecedor de todo aplauso possível: Silvio Tendler.

Apresentado como o maior documentarista do cinema nacional, responsável pelas três produções do gênero campeãs de bilheteria em nosso país – O Mundo Mágico dos Trapalhões (1981), com 1,8 milhões de espectadores; Jango (1984), com 1 milhão de espectadores; e Os Anos JK (1980), com 800 mil espectadores – Tendler tem estado doente nos últimos anos, apresentando um estado de debilidade física que o tem impedido de seguir filmando no mesmo ritmo das últimas décadas. Com apenas 63 anos, o diretor construiu uma obra vasta e abrangente, no cinema e na televisão, e o reconhecimento com o Calunga de Ouro foi justo e merecido. Ao aparecer, de cadeira de rodas, cercado de familiares, para o discurso de agradecimento, a plateia presente o recebeu de pé, diante de uma ovação intensa.

Mas o domingo guardou outras novidades para os frequentadores do XVII Cine PE. Após as coletivas com os concorrentes exibidos na noite anterior, pela manhã, e da mostra competitiva de Curtas-Metragens Pernambucanos, à tarde, houve a exibição do longa Hereros Angola, documentário de Sergio Guerra que integrou a mostra especial Brasil / Angola. Por fim, a programação paralela abriu espaço para uma reapresentação especial do já citado Jango, de Tendler.

Cena do curta Cadê Meu Rango

À noite, o centro de convenções do Teatro Guararapes exibiu cinco curtas-metragens – talvez o excesso tenha sido para justificar a ausência de produções do gênero na noite anterior – e o quarto longa-metragem em competição. Os dois primeiros curtas foram animações bem humoradas e já bastante premiadas em diversos festivais anteriores: Cadê Meu Rango?, de George Damiani, de São Paulo, um trabalho de conclusão de curso dono de uma ideia simples, porém muito bem executada, e Linear, de Amir Admoni, já exibido nos recentes festivais de Gramado e de Brasília, que combina animação com cenas de externa num registro crítico do urbanismo social. O bom é que a cada vez que é visto o filme fica ainda melhor, seja pela denúncia que carrega ou pela excelência de sua realização.

Depois da ficção insuportável Os Contratadores, de Evandro Rogers e Marcus Nascimento, de Minas Gerais, que provocou mais desconforto do que interesse na plateia, foi a vez dos documentários Confete, de Jo Serfaty e Mariana Kaufman, do Rio de Janeiro, e Alexina – Memórias de um Exílio, de Claudio Bezerra e Stella Maris Saldanha, de Pernambuco. O primeiro parte dos papeizinhos picados para compor uma alegoria sobre o colorido do carnaval e sua efemeridade. Bonito, poético, mas tão descartável quanto o elemento em foco. Já o segundo tem em cena uma importante figura histórica, porém se perde em dificuldades de produção e em uma realização que ficou aquém do que o tema merecia. Infelizmente.

Celso Sabadin, diretor de Mazzaropi

Encerrando a programação oficial competitiva da terceira noite do XVII Cine PE, houve a exibição do longa-metragem Mazzaropi, documentário de Celso Sabadin. O maior porém envolvendo essa projeção foi a forte chuva que tomou conta de Olinda, afastando quase que por completo os espectadores do Teatro Guararapes. Bem realizado e pertinente pelo personagem que resgata, é um filme que tem um valor educacional de bastante relevância. Confira a crítica completa do filme e a cobertura de todas as atrações no nosso especial sobre o festival pernambucano!

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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