E lá se vão onze anos. Quando lembro que a primeira vez em que estive num Festival de Cinema de Gramado foi em 1997, chego a me surpreender. Naquele ano vim com amigos para passar apenas uma noite. Presenciamos Betty Faria chegar num carro conversível, de pé dentro do veículo e aplaudindo para o público ensandecido ao redor. Foi a exibição de For All – O Trampolim para a Vitória, de Luiz Carlos “Bigode” Lacerda, longa que acabou levando o kikito de Melhor Filme naquele ano. Já cheguei com sorte!
Nos anos seguintes, de 1998 a 2000, continuava marcando presença ao lado dos amigos, porém a cada edição o período de permanência na cidade era maior. Isso até 2001, quando fiquei pela primeira vez durante todo um festival! Foi também meu primeiro festival enquanto imprensa, cobrindo para o site Argumento.net. Foi quando comecei a descobrir os bastidores, acompanhar a discussão da crítica e enxergar as ‘estrelas’ mais de perto. Em 2002, a mesma coisa. Mas tudo mudou no ano seguinte, quando a responsabilidade aumentou: agora eu era diretor do Programa de Cinema, exibido pela TVCOM. E na mesma proporção a quantidade de trabalho cresceu assustadoramente!
Foram cinco anos de trabalho intenso com a cobertura do Festival de Cinema de Gramado para a televisão. E agora, em 2008, tudo mudou mais uma vez. Não estou mais na TV, e meu foco agora é contar tudo o que irei presenciando durante a semana para vocês, leitores do Papo de Cinema, mas também para estar atento a um olhar mais crítico e distanciado, buscando interpretações econômicas, comerciais e sociais deste grande evento.
Cheguei a Gramado na sexta-feira, para a sexta edição do Cine Gourmet deste ano. O filme-tema deste mês foi o oscarizado Memórias de uma Gueixa (2005), de Rob Marshall, que foi interpretado gastronomicamente pela chef Conceição Neroni, do Restaurante Margutta, do Rio de Janeiro. Ou seja, o meu festival de cinema começou dois dias antes! Depois do sucesso de mais esta edição do Cine Gourmet, que novamente teve lotação esgotada, hoje, domingo, meu foco está sendo redirecionado para o Festival em si. No restaurante onde almocei me deparei com Antônio Calloni, vencedor do kikito de Melhor Ator em 2006 e protagonista de Dias e Noites, filme de Beto Souza que irá abrir o festival hoje, como convidado e fora de competição. Logo depois cruzei com o querido Renato Aragão, o eterno trapalhão Didi, que será o homenageado especial da noite de hoje, com o prêmio Cidade de Gramado.
Muitas emoções, e isso que a abertura oficial do evento é somente às 17h. Ainda hoje teremos a exibição do primeiro filme em competição, Nome Próprio, de Murilo Salles (premiado em Gramado em 1984, com Nunca Fomos tão Felizes, em 1988, com Faca de Dois Gumes, e em 1996, com Como Nascem os Anjos). Um veterano mostrando que sempre é possível se reinventar. E durante a semana teremos longas gaúchos, cariocas e paulistas, mexicanos, portugueses, colombianos, argentinos e até de Cabo Verde! Homenagens para Walmor Chagas (Troféu Oscarito) e Julio Bressane (Troféu Eduardo Abelin), além de curtas, médias, filmes digitais e muito mais. Uma semana intensa de muito cinema e, acima de tudo, muita paixão.
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