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Casarão mal-assombrado, fantasmas perturbando os vivos, personagens que dissimulam suas reais intenções, são alguns dos ingredientes que o cineasta mexicano Guillermo del Toro utiliza em seu mais recente filme. A Colina Escarlate (2015) chegou aos cinemas coberto de expectativas, um tipo de pressão natural exercida sobre os novos passos de diretores cujo ideário cinematográfico caiu nas graças, sobretudo do público, mas também da crítica. Jessica Chastain, Tom Hiddleston e Mia Wasikowska encabeçam o elenco deste longa-metragem, definido por seu criador como um romance gótico, que vem dividindo opiniões, quando não causando certa indiferença. Para debater a respeito de A Colina Escarlate, chamamos ao Confronto da semana os críticos Adriana Androvandi e Thomas Boeira, respectivamente atacante e defensor. E você, concorda com quem? Confira e não deixe de opinar.

 

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A FAVOR :: Um longa-metragem admirável”, por Thomas Boeira
Este não é um filme em que Guillermo del Toro demonstra interesse por sustos ou grandes mistérios que deixam o público curioso quanto ao desenrolar da história. Prova disso, o diretor nem demora muito para expor ao espectador a índole de determinados personagens, deixando apenas a protagonista, Edith Cushing (vivida por Mia Wasikowska), relativamente no escuro. É a partir desse detalhe e das intenções dos vilões que o diretor consegue criar uma grande atmosfera de tensão, mostrando que a maldade das pessoas pode ser mais inquietante que a aparente ameaça representada por fantasmas surgidos pontualmente como mensageiros que ajudam a dar forma ao tom arrepiante da narrativa. No processo, o cineasta cria personagens interessantes, interpretados por um elenco formidável, além de exibir um design de produção absolutamente fantástico que concebe esse universo (a temporada de premiações deveria reconhecer ao menos isso). O filme acaba sendo mais uma prova da grande imaginação de seu talentoso realizador, que buscou nos romances góticos e nas produções de terror, como as da Hammer, por exemplo, as referências certas para fazer um longa-metragem admirável.

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CONTRA :: A direção de arte não salva o filme”, por Adriana Androvandi
As credenciais do diretor Guillermo del Toro acenavam ao público que se poderia esperar um filme de terror psicológico ao estilo O Labirinto do Fauno (2006). O próprio cineasta também anunciou que este seria um “romance gótico”. Mas, por fim, o espectador sai do cinema sem ter visto um filme que se encaixe, plenamente, em nenhum dos dois gêneros. Ainda que seja preciso ressaltar o refinamento estético da produção, a direção de arte não salva o filme. A ideia de ter um castelo numa colina com solo de argila vermelha é original e escancara a sugestão de um terreno que parece verter sangue, o que é impactante. Entretanto, desde o início da narrativa, quando “uma” fantasma, apesar da aparência horrenda, alerta a protagonista sobre os riscos do lugar chamado “Colina Escarlate”, o espectador não vê mais esses seres sobrenaturais como danosos e sim como aliados. E a sensação de medo se esvai, restando um ou outro susto. O problema maior é mesmo do roteiro, que “entrega” alguns segredos muito facilmente. Conclui-se que as dicas colocadas ao longo da narrativa revelam logo que os vivos são mais perigosos do que os mortos neste drama.

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