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A Grande Beleza (2013) estreou sob muitos comentários nos últimos dias de 2013. Comparado com A Doce Vida (1960), de Federico Fellini, e A Noite (1961), de Michelangelo Antonioni, o filme de Paolo Sorrentino se propõe a radiografar uma Roma contemporânea cuja elite celebra o vazio em festas e mais festas. O protagonista, Jep Gambardella (Toni Servillo), jornalista que almejou (e conseguiu) o topo da mundanidade romana, reflete sobre a busca infrutífera da grande beleza, processo frustrado que empacou sua própria carreira literária. O filme é repleto de cenas grandiosas, onde se adiciona um verniz onírico à realidade, artifício que empolga uns, enquanto aborrece outros. Obra-prima ou engodo revestido de grande arte? No Confronto da semana, Marcelo Müller defende o que acredita ser um dos grandes filmes recentes, enquanto Thiago Ramari relativiza a festejada obra de Sorrentino. E você, o que acha? Confira e opine.

 

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A FAVOR :: “Que filme, que filme”, por Marcelo Müller
A Grande Beleza, de Paolo Sorrentino, faz bonito frente à tradição grandiosa do cinema italiano, feita dos trabalhos de Fellini, De Sica, Visconti, Antonioni, Monicelli, entre tantos outros. Que grande filme esse protagonizado por um jornalista habituado a festas tão vazias quanto excêntricas, que reflete sobre a vida em meio à burguesia e as particularidades de uma Roma próxima (porém, atualizada) daquela registrada por Fellini em A Doce Vida.  Que imagens exuberantes: a da girafa, a do transatlântico naufragado, a da religiosa centenária subindo uma escada de joelhos, a da notícia inesperada da morte de alguém importante do passado, etc. Que trilha sonora, que fluidez visual feita de travelings e outras concepções que dão à imagem o status e a função merecidos. Até onde lembro, poucas vezes o cinema recente se aproximou com tanta habilidade da “magia” que parecia perdida lá pelos anos sessenta. Que filme, que filme.

 

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CONTRA :: “Película conformista que não se mostra uma grande beleza”, por Thiago Ramari
O problema de A Grande Beleza é ser boring. É o tipo do filme que, se visto em casa, obriga-te a pausá-lo várias vezes para buscar sorvete na geladeira. O percalço está no roteiro, que se mostra sempre à deriva e, por isso mesmo, um pouco hermético. A atuação de Toni Servillo, no papel do protagonista, o escritor-de-um-livro-só Jep Gambardella, garante alguns bons momentos à película, como quando confronta uma amiga desbocada com a própria realidade – mas não passa disso. De resto, o filme faz, a partir de um foco definido como que por acidente, o retrato da Roma atual, decadente, a partir do olhar enviesado de Gambardella. O espectador pode esperar por diálogos longos, consumidos por uma afetação saudosista e entristecida, que se reduzem em si mesmos, negligenciando o potencial narrativo. Em outras palavras, é uma película conformista, que não se mostra, ao contrário do que prega o título, uma grande beleza. Desencantador.

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