Um dos filmes mainstream (de um diretor badalado, com grandes astros e bancado por um dos maiores estúdios de Hollywood) mais polêmicos e inovadores dos últimos tempos, A Origem foi um arrebatador sucesso de público e de crítica. Além de ter arrecadado mais de US$ 800 milhões nas bilheterias de todo o mundo, recebeu 8 indicações ao Oscar – inclusive à Melhor Filme – faturando quatro prêmios, nas categorias de Melhor Fotografia, Edição de Som, Som e Efeitos Visuais. O longa feito por Christopher Nolan durante um intervalo entre Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008) e Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012) foi muito bem recebido também no Brasil, na França, na Espanha, na Itália, na Austrália, na Irlanda e no Japão, por exemplo, países que o apontaram como uma das melhores produções estrangeiras de 2010. Mas longe de ser uma unanimidade – confuso, superlativo e exagerado são alguns dos comentários mais comuns – a aventura pelo mundo dos sonhos estrelada por Leonardo DiCaprio, Joseph Gordon-Levitt, Ellen Page, Tom Hardy e Marion Cotillard é o tema do nosso Confronto dessa semana, em que Rodrigo de Oliveira defende, enquanto que Dimas Tadeu ataca, cada um tendo apenas 200 palavras ao seu dispor! Confira!
A FAVOR: “Jornada de personagens por um mundo fantástico”, por Rodrigo de Oliveira
Uma ficção científica de ação que acontece na arquitetura da mente. Era apenas essa enigmática ideia que Christopher Nolan revelava sobre A Origem. O cineasta tinha para si, e de forma muito correta, que quanto menos o espectador souber sobre a trama do filme, melhor. Depois de ter utilizado interessantes formatos narrativos em Amnésia (2000) e Batman Begins (2005), entre outros, Nolan chega ao ápice de suas experimentações em como contar uma história. A estrutura de A Origem, como não poderia deixar de ser, lembra bastante a de um sonho, cheia de elipses. Com diversos acontecimentos rolando ao mesmo tempo – como o intrincando conceito do sonho dentro do sonho – o espectador precisa ficar atento para pescar todas as informações. O melhor de tudo é assistir a um filme com roteiro extremamente inteligente e que não subestima seu público. Com visual caprichado (as cenas que desafiam a gravidade são fantásticas) e uma trama igualmente bem lapidada, ainda brinda o espectador com um desfecho arrebatador, que deixará perguntas eternas. E, na verdade, o que menos importa é esta resposta. O interessante e fascinante neste filme é a jornada dos personagens dentro daquele mundo fantástico criado pelo cineasta.
CONTRA: “Cinema para nerd – no mau sentido”, por Dimas Tadeu
Mais do que fazer cinema, Christopher Nolan parece apaixonado por construir silogismos. Seus filmes são como algoritmos, códigos elegantemente programados para causar orgasmos nerds. E eis uma habilidade do diretor: congregar de forma inteligível e organizada, sem ser muito expositivo, um excesso vertiginoso de informações. Com A Origem não é diferente. No entanto, pra quem gosta de cinema e está interessado em imagens e sons mais do que em teorias para serem ruminadas em fóruns de discussão na Internet, o silogismo soa como puro sofismo: não há empatia, os vínculos emocionais são os mínimos exigidos pelas convenções de roteiro e os diálogos espertinhos não conseguem esconder sua falta de conteúdo. Não fosse a montagem primorosa e a direção ágil, que dão pasto pros olhos, e A Origem virava uma tese de doutorado – das chatas.
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