Extremamente aguardado pelos fãs da trilogia Matrix como a volta dos irmãos Wachowski ao cinema revolucionário, A Viagem decepcionou em muitos sentidos. Lançado no final de 2012, bem na época propícia para os títulos destinados à temporada de premiações nos Estados Unidos, recebeu poucos reconhecimentos importantes – como uma indicação ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Trilha Sonora ou o prêmio de Melhor Maquiagem no Critics Choice Awards. Mas, enquanto legítimo exemplo de “ame ou odeie”, chegou a ser indicado como Melhor Filme Estrangeiro pelos críticos da República Tcheca, recebeu 10 indicações ao prêmio máximo do cinema alemão (trata-se de uma co-produção com a Alemanha, representada principalmente pela presença do co-diretor Tom Tykwer), inclusive à Melhor Filme, e ganhou como Melhor Direção de Arte pelos críticos de Washington e como Melhor Trilha Sonora pelos críticos de Austin. Ainda que tenha decepcionado nas bilheterias americanas – faturou menos de US$ 30 milhões, para um orçamento de US$ 102 milhões – se recuperou no mercado internacional, somando mais uma centena de milhões de dólares ao seu faturamento total. Indícios que comprovam a existência de méritos, ainda que não sejam unânimes. O que justifica esse novo Confronto, em que dois críticos do Papo de Cinema defendem suas opiniões, em até 200 palavras, sobre os méritos – ou falta deles – do filme. Confira!
A FAVOR: “Mais do que uma narrativa, uma mensagem”, por Dimas Tadeu
Encarar A Viagem como uma narrativa linear ou mesmo como uma narrativa, em seu sentido mais puro, é a forma mais fácil de odiar o filme e, por consequência, perder a chance de estar em contato com uma das mais interessantes produções dos Irmãos Wachowski. Não se trata de um filme de personagens. Como indicado por cada ator fazer vários papeis, as ações aqui importam mais do que quem as protagoniza, ou o tempo e espaço nos quais transcorrem. Além de ilustrar doutrinas espíritas ou religiosas, como o título brasileiro faz crer, o longa (mais do que o romance do qual foi adaptado) é um grande elogio à rebeldia. Se em 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968), um monolito preto simbolizava o ponto de virada civilizatória da humanidade, aqui é um indivíduo o responsável e, mais do que isso, legá-lo no tempo por meio de um texto, uma música, um vídeo, uma história oral. Assisti-lo é se sentir convidado a exercer esse papel após ser tocado pelo que os diretores provavelmente consideram o seu legado para mudar o mundo. Nesse sentido, se o desejo era adaptar o nome do filme para o português, A Mensagem cairia muito melhor.
CONTRA: “Tudo o que consegue é provocar tédio e constrangimento”, por Robledo Milani
A pior coisa que pode existir para um filme é a expectativa – quanto maior essa for, mais difícil será para o longa satisfazer o seu público. Quatro anos depois o fracassado Speed Racer (2008) e mais de uma década após conquistarem a atenção de cinéfilos em todo o mundo com Matrix (1999), os irmãos Wachowski voltaram à cena com esse épico de quase três horas de duração, anunciado após um megatrailer de 6 minutos e com grandes nomes do elenco, todos eles interpretando diversos personagens em diferentes épocas e cenários. Esperava-se muito, mas recebe-se pouco. Tudo seria maravilhoso caso a sinfonia – referência, aliás, do título original – funcionasse, o que, definitivamente, não é o caso. Com uma trama que mais se assemelha à filosofia barata de farmácia que prega lições básicas investindo em clichês no estilo “estamos todos conectados” e “o hoje é só uma consequência do ontem e um preparo para o amanhã”, tudo o que consegue é provocar tédio e constrangimento pelos envolvidos por atingir tão pouco com tanto que havia à disposição. Óbvio em suas intenções e raso nos argumentos, o que resta é torcer para que seja tão descartável quanto sua lembrança.
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