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Álbum de Família (2013) é um daqueles filmes que chegam de mansinho, sem fazer muito alarde, e vão ganhando público no boca a boca. Com um elenco recheado de nomes importantes, como Meryl Streep, Julia Roberts, Ewan McGregor e Chris Cooper, entre outros tão ou mais conhecidos e competentes, fala basicamente sobre uma família que desmorona após a morte (suicídio?) do patriarca. As três filhas retornam então ao antigo lar, cada qual com seus problemas e dificuldades. Não ajuda nada ter uma mãe sofrendo de câncer e descontrolada por anos de vício em remédios. Virão à tona velhas rixas, sentimentos e eventos asfixiados anos a fio para o bem da boa convivência. Álbum de Família é o que chamamos “filme de atores”, pois é por meio do trabalho deles que nos aproximamos dos personagens e das situações. Como toda história cuja matéria-prima é basicamente emocional/familiar, está mais à mercê do piegas. Uns acham que o filme cai fácil nessa armadilha, enquanto outros enxergam nele qualidades que os distanciam da arapuca. Para debater a respeito de Álbum de Família, chamamos Danilo Fantinel, que gostou do longa, e Yuri Correa, que, por sua vez, não foi muito com a cara do drama dirigido por John Wells. Confira.

 

 

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A FAVOR :: “Um show de atuações”, por Danilo Fantinel
A grande estrela de Álbum de Família não é Meryl Streep, como se poderia imaginar, mas sim o brilhante texto de Tracy Letts (Pulitzer 2008 e autor de Killer Joe), que expõe as vísceras de uma família dilacerada pelas garras de uma matriarca dominadora e impiedosa. Violet (Streep), fruto da Grande Depressão e do entre-guerras, está doente. Dependente de remédios e cigarro, perde o marido suicida, com quem não mantinha as melhores relações. Após o velório, uma refeição entre familiares que vivem distantes uns dos outros se torna o estopim para um longo acerto de contas, que fará desabar um verdadeiro império de meias verdades. Com um roteiro vívido e dolorido, que vai revelando segredos bem guardados a cada momento, Letts promove uma catarse coletiva da qual não sobrará pessoa ilesa – nem as mulheres fortes nem os homens fracos, que as deixam, fartos de tanta opressão feminina. Entre o elenco, um show de atuações no qual Julia Roberts (Barbara) merece destaque, rivalizando com Streep em poder de atuação.

 

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CONTRA :: Confunde ser triste com ser dramaticamente complexo e profundo”, por Yuri Correa
É o típico filme que confunde ser triste com ser dramaticamente complexo e profundo. Não à toa, o diretor John Wells escolhe uma palheta de cores escuras e terrosas que se estendem da fotografia para o design de produção, impregnando no caminho os figurinos também. Infelizmente, uma abordagem estética que meramente ilustra os acontecimentos do roteiro, que se limita a jogá-los em tela sem embasá-los emocionalmente. Se entendemos o drama daquela família, isso ocorre de uma maneira puramente racional por compreendermos que aquilo tudo é, enfim, triste. Mas é frustrante que em um projeto com uma história tão trágica, não haja espaço para se pensar, raciocinar ou divagar sobre a mesma; afinal, é impossível mergulhar de cabeça numa poça tão rasa. Embora o próprio filme não tome consciência disso, a verdadeira tragédia aqui é ver Streep e Roberts se entregarem tão visceralmente ao seu trabalho, sem perceberem que estão investindo alto em personagens unidimensionais e monofásicos. E, no fim, Álbum de Família é perfeitamente sintetizado pelo momento em que a matriarca conta uma triste história sobre sua infância para as filhas, que sem ponto algum, joga um fato lamentável atrás do outro, esperando comover seu público, mas jamais esforçando-se para tal.

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