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Aliança do Crime (2015) fez seu debute no Festival de Veneza. Desde a exibição no certame italiano, as opiniões acerca deste filme protagonizado por Johnny Depp foram bem divergentes. A trama, baseada em fatos, mostra o acordo entre um bandido e um respeitado agente do FBI, segundo o qual haveria troca de informações para fins de anular a máfia italiana. Uns dizem que Johnny Depp continua devendo, outros celebram este trabalho como uma volta dele aos velhos tempos. Aliás, Aliança do Crime tem chamado mais atenção pelo desempenho do ator principal (para o bem ou para o mal) do que por seus demais elementos e possíveis ressonâncias. O Confronto a seguir é sintomático disso. Robledo Milani ataca, enquanto Yuri Correa defende o longa-metragem dirigido por Scott Cooper. E você, de que lado está? Confira e não deixe de opinar.

 

 

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A FAVOR :: Scott Cooper enxerga seu protagonista como uma entidade maligna”, por Yuri Correa
Quantas vezes já vimos Johnny Depp coberto de maquiagem e perucas, interpretando personagens excêntricos? Tudo bem que normalmente isso se dá sob a direção de Tim Burton e em filmes que ao menos flertam com a fantasia ou o caricato. Aliança do Crime, por outro lado, se leva bastante a sério. Entretanto, funciona justamente por combinar esses dois elementos improváveis, já que traz somente Depp como uma figura que parece desalojada, e logo, imune às regras que regem os demais personagens. Seu Whitey Bulger é apresentado já nas sombras e possui uma aura ameaçadora, algo visível na reação dos que cruzam seu caminho, para o bem ou, como na maioria das vezes, para o mal. O diretor Scott Cooper o enxerga, de fato, como uma entidade maligna, o que aos poucos vai fazendo a caracterização exagerada da maquiagem e do ator soar orgânica. Bulger assusta e nos faz torcer por qualquer vítima que caia em suas mãos, por mais que sejamos apresentados a ela na mesma cena, tamanha a crueldade que passamos a associar ao assassino. Como se o resto do elenco, em especial o enérgico e ótimo Joel Edgerton, não desse o seu próprio show.

 

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CONTRA ::Depp se esconde por trás de tanta maquiagem que tudo o que consegue é deixar claro que quem está em cena é o astro, e não o personagem”, por Robledo Milani
O diretor Scott Cooper realizou apenas três trabalhos até o momento, mas todos chamaram a atenção – mais da crítica que do público. Aliança do Crime, o terceiro deste trio, se revela o mais fraco do grupo, justamente por se apoiar de forma demasiada naquele que deveria ser o seu pilar de sustentação: a performance do protagonista Johnny Depp. No papel do gângster de meia-tigela Whitey Bulger, uma figura histórica que foi responsável por uma onda de crimes do sul de Boston, devido a uma brecha de segurança que identificou em um acordo com o FBI, ele usa e abusa das mesmas caretas que há anos vem mantendo sua carreira. A diferença, no entanto, é o tom mais contido, porém não menos exagerado. Volta e meia Hollywood confunde maquiagem com atuação – Nicole Kidman, em As Horas (2002), e Steve Carell, em Foxcatcher (2014), são bons exemplos disso – e Depp segue por essa mesma linha, com tanto esforço para soar irreconhecível que tudo o que consegue é deixar claro que quem está em cena é o astro, não o personagem. Quanto ao filme, tem-se mais do mesmo, com a velha história de corrupção, ascensão e queda, sem trazer nada de novo. Uma oportunidade desperdiçada, obviamente.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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