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O novo boom de vampiros no cinema se deve, em grande parte, ao sucesso da série Crepúsculo. Na esteira da criação de Stephenie Meyer surgiram exemplares bons e muitos (infelizmente a maioria) nem tanto. É de se comemorar, portanto, quando um artista como Jim Jarmusch, mais conhecido e reconhecido nos pequenos circuitos, resolve também abordar o tema. Em Amantes Eternos (2013), mais recente longa do cineasta americano, temos o romance secular de Eve (Tilda Swinton) e Adam (Tom Hiddleston), dois vampiros dados a conversas existenciais em virtude de um compartilhado inconformismo com a evolução da humanidade. Para debater a respeito do filme, chamamos ao Confronto da semana os críticos Renato Cabral e Robledo Milani, respectivamente defensor e atacante. Confira e não deixe de opinar.

 

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A FAVOR :: Um dos melhores filmes deste ano”, por Renato Cabral
É característica do cinema de Jim Jarmusch mostrar personagens solitários embalados por uma excelente trilha sonora. Não é diferente em sua mais recente empreitada que, apesar de tratar de uma história de vampiros, vai bem além, trazendo à tona a cumplicidade de um casal, sua intimidade e a forma como se complementam, mesmo sendo tão diferentes. Como um Antes do Pôr-do-Sol (2004) com vampiros, Amantes Eternos é esse “filme estrada” sobre Adam e Eve (a analogia é proposital), personagens numa sociedade que incentivou pensadores, cientistas e artistas através das décadas. Com performances excepcionais de Tilda Swinton e Tom Hiddleston, a produção é certamente um dos melhores filmes deste ano, se sobressaindo, ainda, como um dos melhores títulos de Jarmusch. É impressionante a capacidade camaleônica de Swinton, atriz que se transforma a cada performance. Sua Eve é deliciosamente rebuscada e contrastante com o personagem de Hiddleston, um vampiro músico em depressão. Atenção para a participação do grande John Hurt.

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CONTRA ::Quase nada de original acrescenta ao histórico destes tipos tão particulares”, por Robledo Milani
Nos últimos anos, fazer um filme sobre vampiros parece ter virado uma febre em Hollywood, mesmo entre aqueles que pouco têm a dizer a respeito – como parece ser o caso de Jim Jarmusch neste filme que quase nada de original acrescenta ao histórico destes tipos tão particulares. Se por um lado o diretor acerta em descrever seus personagens de caninos afiados como figuras entediadas em relação à própria imortalidade, ele falha em transpor essa sensação ao tentar se conectar com o espectador, provocando neste a mesma sonolência percebida no ambiente ficcional. Tilda Swinton e Tom Hiddleston parecem formar o casal dos sonhos para este tipo de protagonistas, mas o pouco interesse direcionado aos coadjuvantes – principalmente no que diz respeito aos habitualmente competentes Anton Yelchin e Mia Wasikowska – os torna quase descartáveis, cabendo à audiência dar-lhes tanta atenção quanto o próprio realizador em seus desfechos em cena. No fim das contas, Amantes Eternos é como uma obra pós-modernista: você até pode tentar encontrar algum significado ali, mas o esforço será mérito apenas seu.

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