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Maior bilheteria da história (US$ 2.782,275,172), motivador da “ressurreição” do 3D e grande divulgador de suas potencialidades (tanto mercadológicas quanto estéticas), mais recente evento midiático/cinematográfico capitaneado por James Cameron, Avatar (2009) pode ser visto por diversos ângulos, desde os mais práticos até os mais passionais. A predominância dos cenários e personagens criados em computação gráfica e a espantosa técnica de captura de movimentos, são aspectos que levantaram, também, questionamentos sobre os rumos do cinema enquanto espetáculo. Dono de mensagem pseudo-ecológica/pacifista para uns, bom exemplar de aventura para outros tantos, Avatar ainda gera discussão. Por isso, chamamos Conrado Heoli, da turma dos que não veem motivos para tanto barulho, e Marcelo Müller, próximo àqueles que entendem a cria estrondosa de James Cameron como cinema de alguma relevância, para o Confronto desta semana. Confira e não deixe de comentar.

 

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A FAVOR :: “Entretém como poucos filmes recentes”, por Marcelo Müller
Ninguém está aqui defendendo Avatar como suprassumo cinematográfico, nem ao menos enquanto o melhor dos filmes dirigidos por James Cameron. Verdade seja dita, o sucesso de público sem precedentes alcançado pelo longa, afugentou boa parte da crítica, esta atida demais às convenções da trama (calcada no velho e requentado Monomito), ou à ideologia político-ecológica realmente contestável. A jornada do herói Jake Sully (Sam Worthington), paraplégico que “renasce” quando transportado ao seu corpo Na’Vi (raça alienígena), é uma empolgante viagem por um mundo novo, onde os seres vivem em comunhão plena. Cameron é um diretor de grandes espetáculos e não foge à própria regra em Avatar, cujas sequências são, ora impressionantes do ponto de vista plástico, ora por sua grande carga dramática. A trajetória do protagonista, sobretudo depois que ancorada no amor por uma nativa e na conscientização do mal humano instaurado em Pandora, do qual era um dos principais agentes, resulta numa aventura previsível, vá lá, mas capaz de entreter, ou seja, de cumprir dignamente essa difícil função como poucos filmes recentes.

 

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CONTRA :: “Não acrescenta ao cinema enquanto arte”, por Conrado Heoli
Avatar é o filme com maior bilheteria de todos os tempos, venceu incontáveis prêmios, recebeu infinitas resenhas positivas… Mas são as unanimidades questionáveis que garantiram o sucesso da aventura sci-fi de James Cameron? Os avanços técnicos e tecnológicos que a superprodução proporcionou para a indústria cinematográfica mainstream são inegáveis, porém o demérito principal de Avatar é o mesmo de todos os filmes que tentaram seguir sua fórmula: priorizar forma em detrimento ao conteúdo. As pirotecnias visuais de Cameron ocultam uma narrativa prosaica, pontuada pela conceitual jornada do herói (ou monomito), do antropólogo Joseph Campbell, já utilizada à exaustão por Hollywood em filmes como Guerra nas Estrelas (1977), Procurando Nemo (2003) e toda a série O Senhor dos Anéis. Isso sem mencionar as semelhanças no mínimo intrigantes com Dança com Lobos (1990) e até mesmo Pocahontas (1995), ou as acusações de plágio dos artistas Daniel Lee (digite Manimals no Google), Roger Dean e Tom Yeates. Eis que o tão aclamado universo original de Avatar não é tão novo assim; a suposta obra máxima de James Cameron não passa de um mais do mesmo numa embalagem bonita, que no fim das contas não acrescenta ao cinema enquanto arte.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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