As primeiras imagens de divulgação de Clube de Compras Dallas (2013) já chamavam atenção à radical transformação física sofrida pelos dois atores principais, Matthew McConaughey e Jared Leto. No filme, seus personagens estão infectados pelo vírus HIV, isso no final dos anos 1980, quando a doença era tão assustadora como relativamente nova. Dirigido pelo canadense Jean-Marc Vallée, Clube de Compras Dallas é um dos indicados a Melhor Filme no Oscar deste ano, além de, obviamente – pois a Academia gosta muito da mudança física como componente dramático – ter os dois intérpretes citados concorrendo, respectivamente, à estatueta de Melhor Ator e Melhor Ator Coadjuvante. Para debater sobre esse controverso filme, no qual a AIDS surge como enfermidade e posterior motivação, convidamos Dimas Tadeu, que gostou do que viu, e Eduardo Dorneles, que relativiza as qualidades do longa. Confira e dê sua opinião.
A FAVOR :: “Uma das melhores estreias da temporada”, por Dimas Tadeu
A simplicidade joga a favor de Clube de Compras Dallas. Jean-Marc Vallée é um desses diretores que confia tanto em sua historia que a deixa brilhar sozinha, sem evidenciar muito sua direção. No entanto, ela está lá, talentosa desde essa escolha, transparecendo nas primorosas atuações de Matthew McConaughey e Jared Leto, nas paisagens melancólicas e assustadoramente insólitas da América nem tão profunda da década de 1980. O roteiro, conciso e emocionante, faz da humanidade uma metonímia, tentando recuperar seu todo a partir das várias partes em que ela se quebra com o assustador e galopante “surgimento” da AIDS. Tudo isso faz de Clube de Compras Dallas não apenas um merecedor das indicações que recebeu ao Oscar, mas também um sério concorrente aos seus colegas de tapete vermelho e uma das melhores estreias da temporada.
CONTRA :: “Não há nada que mereça tanto entusiasmo“, por Eduardo Dorneles
Existem coisas na vida que são extremamente valorizadas, quando na verdade não são dignas de tanta atenção ou aclamação. Filmes de Oscar geralmente seguem essa premissa. É o caso de Clube de Compras Dallas. O filme é bom? Sim, competente naquilo que se propõe a apresentar. Porém, todo esse alarido em sua volta é um grande exagero. Fora Matthew McConaughey, como o preconceituoso Ron Woodroof, que apresenta o maior papel de sua carreira – mais por perder 21 quilos do que necessariamente por sua atuação; apesar de alguns lampejos de inspiração -, não há nada que mereça tanto entusiasmo. Jared Leto, como o travesti Rayon, é simplesmente Jared Leto com 18 quilos a menos e pelos raspados. O roteiro é burocrático e repetitivo, peca por sua unilateralidade ao se focar apenas em seu protagonista e principal coadjuvante. A trama é mais interessada em cumprir uma agenda militante do que apresentar uma crítica consistente a FDA (órgão do governo dos EUA que controla a liberação de medicamentos) e seus lobistas. No fim fica a pergunta: você deve assisti-lo? Claro que sim! É um bom filme. Mas não exagere. É só isso: bom
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ADOREI O FILME! Além da aparência física e da inadequação social dos protagonistas a direção deste roteiro revela a máfia das drogas lícitas com seu aparato bélico,policial, judicial, profissional, burocrático acima das circunstâncias impositivas da moral, da ética e dos valores humanitários. Pra falar o mínimo deste importante registro histórico social ressalto a atuação dos rapazes e a doce brutalidade com que ambos se aproximam da amizade e da VIDA. Lindo ver esta abordagem crítica sobre tema tão polêmico e intocável! Bons ventos tragam novos rumos para a sociedade civil travestida de LEGAL!