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Confronto :: Divertida Mente

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Alguns encaram Divertida Mente (2015) como uma espécie de redenção da Pixar, estúdio responsável por estabelecer um padrão de excelência nas animações, mas que, de uns tempos para cá, efetivamente estava devendo grandes sucessos, sobretudo de crítica. Contrários a essa leitura, estão os espectadores que não veem tantos motivos para elogio. Estes decretam que John Lasseter e companhia, hoje subordinados à Disney, continuam em dívida com a própria história. Para engrossar a discussão, os críticos Marcelo Müller, prata-da-casa, e Samantha Brasil, nossa convidada do site Almanque Virtual, apontam os méritos e os deméritos do longa-metragem protagonizado pelas emoções da menina Riley. Afinal de contas, Divertida Mente é uma volta por cima ou outro tiro n’água da Pixar? Confira e não deixe de comentar.

 

A FAVOR :: Uma das melhores animações recentes”, por Marcelo Müller
É a volta da Pixar às grandes realizações. A ideia, por si, já merece ser celebrada, afinal de contas é inusitada a abordagem a partir da ótica das emoções de uma menina em crescimento. Passamos a maior parte do tempo literalmente dentro da cabeça da pequena Riley, em contato íntimo com sua dinâmica afetiva, entendendo como determinados momentos são importantes para sua constituição. Fácil identificar-se, pois a Pixar prima pela universalidade. Sobra espaço até para um já meio esquecido amigo imaginário, personagem que perdeu espaço para a maturidade. A Alegria é supervalorizada, por ela própria e pelos colegas da sala de controle. Todos depositam as fichas nela, sobrecarregando seus ombros. A constatação de que necessitamos de nossos sentimentos em equilíbrio não soa como lição de moral ou algo que o valha. Há humor (como o “embate” entre as emoções do pai e da mãe), momentos comoventes (como a despedida definitiva de alguém), ação (como a corrida para pegar o trem do pensamento), ótimas sacadas (como a sala da abstração que, inclusive, altera a forma dos personagens), em suma, ótimos ingredientes que fazem desta uma das melhores animações recentes.

CONTRA :: Tanto potencial acaba sendo esvaziado por clichês e soluções fáceis”, por Samantha Brasil
Divergindo a mente. Um dos pontos nevrálgicos do filme é o roteiro, que poderia ter sido trabalhado de forma menos preguiçosa. O maniqueísmo com o qual as emoções são desenvolvidas é um pecado nada original. A grande sacada do filme, em mostrar o quão rica é a natureza humana pelo fato das emoções não serem bem delimitadas, cai por terra ao permitir que a alegria e a tristeza sejam as emoções reinantes na vida de uma criança. Até porque raiva e medo são emoções experimentadas diariamente de forma bastante intensa e são desperdiçadas na narrativa. Tem pontos positivos? Muitos. O principal e mais emocionante é o personagem do amigo imaginário outrora esquecido nas prateleiras das memórias remotas. Contudo, ver todas as emoções enquadradas dentro dos seus próprios clichês é de uma pobreza intelectual e retrocesso social tremendos. Incomoda demais o fato de os pais terem sido descritos reforçando todos os estereótipos que se diz ser o do “padrão” de família feliz. Nada disso é problematizado no filme. Nos enfiam goela abaixo que a mulher é dominada pela tristeza e o homem pela raiva e pronto. Enfim, o que desanima é ver tanto potencial acabar sendo esvaziado por clichês e soluções fáceis.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.

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