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Um dos mais aguardados lançamentos de 2013, a ficção científica Elysium, de Neill Blomkamp, dividiu crítica e público, especialmente nos EUA, onde o retorno nas bilheterias chegou a US$ 92,2 milhões até agora. Com um orçamento de US$ 115 milhões, o filme já se pagou mundialmente, com US$ 272,7 arrecadados. Ainda assim, se o viés político e os efeitos especiais conquistaram por um lado, por outro teve quem torcesse o nariz para a produção estrelada por Matt Damon e com participação dos brasileiros Wagner Moura e Alice Braga, ainda mais se levarmos em conta o trabalho anterior de seu diretor, Distrito 9 (2009), que, de tão elogiado, chegou a ser indicado ao Oscar de Melhor Filme na época. Por conta deste público dividido é que o Papo de Cinema escolheu o título para o Confronto desta semana, num debate entre Rodrigo de Oliveira – na defesa – e Robledo Milani – no ataque –, cada um com seus argumentos em até 200 palavras. Confira!

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A FAVOR :: “Cinema político disfarçado de ficção científica”, por Rodrigo de Oliveira

Depois de ter surpreendido com uma estreia maiúscula em Distrito 9, ficção científica indicada a vários Oscar, incluindo Melhor Filme, em 2009, o diretor sulafricano Neill Blomkamp retornou aos cinemas com mais um filme dentro deste gênero. Ainda que Elysium não seja superior ao trabalho anterior do cineasta, conta com predicados mais do que suficientes para uma boa sessão. Blomkamp continua com seu cinema político disfarçado de sci-fi. Na trama, uma sociedade dividida entre os muitos ricos e os muito pobres possuem direitos, deveres e regalias bastante diversas. Nada que já não aconteça nos dias atuais, maximizado em escala colossal para passar sua mensagem futurista. Matt Damon é o protagonista que sonha viver em Elysium, lugar onde as enfermidades inexistem e que a felicidade é uma certeza. Ou não, como podemos observar. Jodie Foster é destaque como a política que tenta a todo custo tomar o poder. Wagner Moura faz sua estreia em Hollywood com um ótimo personagem, cheio de dubiedades. Mas o filme é de Sharlto Copley e seu vilão, Kruger. Encarnando um papel completamente diferente de Distrito 9 e carregando no sotaque, Copley rouba cada cena em que aparece, sendo ameaçador e grotesco ao mesmo tempo.

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CONTRA :: “Provoca menos reflexão do que somos levados a acreditar”, por Robledo Milani

Neill Blomkamp é um diretor de uma nota só. Quem viu Distrito 9 (2009), e agora Elysium, percebeu que seus temas são recorrentes: preconceito, discriminação, diferenças sociais, injustiças, caos e desordem. Porém, se o primeiro apostava em alienígenas como parábola para o apartheid, o segundo investe numa ficção-científica vazia, genérica e inconsistente. O melhor está lá fora, dizia algo parecido um antigo seriado, e o “lá fora” dessa vez é, literalmente, além da Terra: no espaço. No futuro que o novo filme desenha, os que ficaram no planeta são desfavorecidos, descartáveis, irrelevantes, e apenas os belos, saudáveis e brancos tem direito ao “paraíso”. Pode analogia mais óbvia? A cama de cura – principal elemento de discussão da trama – é um ex machina sem explicações, um leitmotif apropriado, porém inconsistente, afinal o enredo indica a inexistência delas por aqui como mesquinharia, sendo que são tão abundantes lá em cima. Por fim, cada ator parece estar em um filme à parte: Matt Damon está contido, Wagner Moura exagerado, Jodie Foster titânica, Sharlto Copley raivoso e Alice Braga… bem, como Alice Braga. Elysium pode até entreter em alguns (poucos) momentos, mas provoca muito menos reflexão do que somos levados a acreditar.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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