Fábio Porchat é hoje um dos rostos mais conhecidos do Brasil. Comediante stand-up, figura carimbada do canal Porta dos Fundos, apresentador de televisão, protagonista de comédias cinematográficas, enfim, o cara tá em todas. Mas, ao invés de apenas surfar tranquilo nas ondas criadas por seu trabalho cômico, Porchat resolveu experimentar-se enquanto ator dramático. Em Entre Abelhas (2015), dirigido pelo mesmo Ian SBF de Porta dos Fundos, ele interpreta um homem em processo depressivo que deixa de enxergar as pessoas. Nem todo mundo gostou, mas, por outro lado, muita gente aplaudiu Entre Abelhas. O que nos leva ao Confronto da semana, no qual Marcelo Müller defende o filme do ataque de Renato Cabral. E você, o que achou? Confira e deixe seu comentário.
A FAVOR :: “Narrativa envolvente e madura”, por Marcelo Müller
Comandado pela mesma galera que faz sucesso na internet com o Porta dos Fundos, Entre Abelhas é uma baita (e ótima) surpresa, sobretudo para quem vai ao cinema esperando uma comédia rasgada. Há momentos em que o diretor Ian SBF quebra a sisudez da depressão que assola o protagonista com alguns esquetes engraçados, o suficiente para a plateia rachar o bico de tanto rir – a meu ver, de maneira exagerada, muitas vezes uma reação não apenas àquilo que está na tela, mas à afinidade pregressa com o trabalho cômico de Porchat e companhia. Contudo, quem dá as cartas de verdade é o drama, o registro da trajetória melancólica e solitária de alguém que simplesmente para de ver gente, tornando-se gradativamente uma ilha cercada de paisagem por todos os lados. Fábio Porchat, que nos acostumamos a ver em shows de stand-up, na web e na televisão fazendo (e muito bem) graça, mostra recursos além das caras, bocas e tiradas rápidas. O diretor Ian SBF, por sua vez, constrói uma narrativa envolvente e madura, o que certamente me faz aguardar seu próximo filme, mais até do que espero os novos vídeos no canal que ele ajudou a popularizar.
CONTRA :: “Não inova e nem surpreende”, por Renato Cabral
Inegável a importância do humorístico Porta dos Fundos para a comédia nacional nos últimos anos. O diretor Ian SBF e seus comparsas conseguiram firmar uma websérie sem uma grande rede televisiva por trás, se baseando em ótimos roteiros e, inicialmente, aproveitando apenas a divulgação boca a boca. Alguns dos atores trilharam posteriormente caminhos cinematográficos duvidosos e outros, como o caso de Fábio Porchat, participaram de produções que não queimam filme. A nova empreitada da dupla SBF e Porchat, Entre Abelhas, é, no mínimo, curiosa. A premissa de um personagem que para de enxergar as pessoas ao seu redor traz um diferencial entre as comédias nacionais, que mais parecem chanchadas. Entre Abelhas se vale um pouco desse respiro criativo, porém é um fruto meio sem inspiração da equipe que criou esquetes tão icônicos em termos de diálogos. As falas, em sua maioria, soam previsíveis demais. Se Porchat comove no drama, faltam cenas em que ele consiga ser cômico sem forçar. Mergulhando num universo surreal digno de Spike Jonze, Michel Gondry e Charlie Kaufman, SBF criou algo sem equilíbrio e que, num panorama geral, não inova e nem surpreende.
Últimos artigos de (Ver Tudo)
- Top 10 :: Dia das Mães - 12 de maio de 2024
- Top 10 :: Ano Novo - 30 de dezembro de 2022
- Tendências de Design de E-mail Para 2022 - 25 de março de 2022
Deixe um comentário