Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo (2014) é o segundo filme do diretor Bennett Miller nos bastidores do esporte. Depois de passar pelas entranhas do baseball em O Homem que Mudou o Jogo (2011), ele resolveu abordar um episódio protagonizado por atletas do wrestling (modalidade conhecida no Brasil como Luta greco-romana). Channing Tatum interpreta um campeão olímpico que não sabe direito como seguir a vida, mesmo ajudado constantemente pelo irmão mais velho, o também medalhista vivido por Mark Ruffalo. Espreitando o êxito profissional de ambos está o multimilionário concebido na tela por Steve Carell, que a certa altura os leva para treinar em sua propriedade. Tem gente que acha Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo um dos grandes injustiçados da recente temporada de prêmios, enquanto outros entendem como exagerados determinados elogios que o longa recebeu. No Confronto desta semana, do lado esquerdo do tatame, Matheus Bonez parte para o ataque, enquanto Rodrigo de Oliveira firma sua defesa na ala direita. Para qual dos críticos você torce nesta luta? Confira e não deixe de opinar.
A FAVOR :: “Incômodo, sim, mas brilhante também“, por Rodrigo de Oliveira
Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo é mais um acerto do diretor de Capote (2005) e O Homem que Mudou o Jogo, Bennett Miller. Adaptando uma história real para a telona, o longa-metragem indicado a cinco Oscars é um daqueles filmes difíceis de cair no gosto imediato, até porque sua trama, as interpretações e o ritmo da narrativa são conscientemente e acertadamente desconfortáveis. E não poderia ser diferente. Vemos a relação de um homem rico e incrivelmente infeliz, com um grande problema de autoestima e patentes deficiências, com dois atletas olímpicos – irmãos que se amam, mas que têm problemas. O caçula, interpretado por Channing Tatum, precisa provar que existe fora da sombra do irmão mais velho, vivido de forma segura por Mark Ruffalo. A dupla está ótima, mas Steve Carell, irreconhecível como o magnata dono da fazenda do título, entrega um dos mais enervantes desempenhos do ano. De fala mansa, sempre ameaçador mesmo não tentando ser, o personagem de Carell faz a trama andar e seu desenrolar, trágico, nada mais é que o retrato de uma figura doente. Miller dá ao longa um ritmo lento e preciso e a utilização de uma trilha sonora dissonante mantém tudo ainda mais incômodo. Incômodo, sim, mas brilhante também.
CONTRA :: “Faltou coragem para tocar nos pontos que são colocados de forma subliminar no longa”, por Matheus Bonez
Há algo de sombrio e manipulador no longa dirigido por Bennett Miller. Apesar de não anular a qualidade da obra como um todo, isso deixa a entender que muito poderia ser lapidado. O diretor conta a história do lutador e seu patrocinador como quem só relata fatos. Por um lado, Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo é pincelado exatamente desta forma, como se fosse isento de opinião acerca dos personagens. Por outro, há um quê maniqueísta ao retratar John du Pont como aquela figura patética e solitária, rica e mimada, como se estas fossem as únicas causas da tragédia que se anunciaria, ao passo que David Schultz é o grande herói, o irmão sempre do lado certo da história. E, no meio de tudo, um Mark confuso. Dá a entender até que du Pont tinha atração pelo protagonista, mas este lado nunca é assumido, apenas sugerido. Crime passional? Se depender de Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo, nunca saberemos os reais motivos. Não que uma obra de ficção tenha que inventar ou explicar qualquer coisa. Mas parece ter faltado coragem para tocar nos pontos que são colocados de forma subliminar no longa, o que o deixou ambíguo demais. E nem sempre esta dúvida pode ser interessante no cinema.
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