Uma das grandes apostas do verão norte-americano – período reconhecidamente recheado de lançamentos que possuem em comum custos astronômicos e grande impacto nas bilheterias – Guerra Mundial Z era também um projeto de risco do próprio protagonista, o astro Brad Pitt. O filme, levemente inspirado no livro homônimo de Max Brooks, estourou todas as previsões de orçamentos (o valor oficial foi de US$ 190 milhões), teve atraso nas filmagens, cenas precisaram ser refeitas e, ainda por cima, tentava pegar carona num tema que vinha sendo explorado à exaustão nos últimos tempos – os zumbis. Mas após tantas tempestades, bastou sua estreia para que as boas notícias começassem a chegar. A crítica especializada, em sua maioria, o avaliou positivamente (67% de aprovação no RT), enquanto que o público compareceu em peso para conferir o havia por trás de todo esse barulho (mais de US$ 500 milhões arrecadados mundialmente). Tamanha controversa serviu também para despertar o interesse da Equipe Papo de Cinema, que nessa semana o elegeu para o nosso Confronto, com Robledo Milani na defesa e Pedro Henrique Gomes no ataque. Confira!
A FAVOR: “Um produto cinematográfico que combina vários elementos de peso”, por Robledo Milani
Nunca um filme estrelado por Brad Pitt fez tanto dinheiro quanto Guerra Mundial Z. Mas o sucesso de um longa-metragem pode ser medido apenas pelo seu desempenho junto ao público? Sim e não. Se por um lado “a voz do povo é a voz de Deus”, por outro é preciso observar algumas posições mais críticas. E não importa o ângulo escolhido para analisar este impactante projeto, todas as conclusões serão positivas. Pois estamos diante de um produto cinematográfico que consegue combinar vários elementos de peso: um grande astro, orçamento milionário, efeitos especiais impressionantes, história de proporções épicas, catástrofe global e, como toque final, a paranoia do momento: zumbis! E eles assustam, preocupam, causam pânico na medida certa e servem de artifício ideal para que essa sessão seja inesquecível. Ao diretor Marc Forster cabe o mérito de entregar ao espectador o legítimo blockbuster hollywoodiano, sem em nenhum momento esquecer que entretenimento é ainda melhor – e mais eficiente – quando consegue provocar algo cada vez mais raro no cinema comercial: reflexão.
CONTRA: “Uma boa ideia reproduzida num cinema manco”, por Pedro Henrique Gomes
O mais recente filme de Marc Forster precisa de poucos minutos para colocar toda sua história no colo do espectador. O que se desenrola após isso é simplesmente a modulação da mesma pressa de sempre em “prender” o público ao ritmo do aço. Forster, que já realizou pelo menos um bom filme (A Última Ceia, 2001), desde O Caçador de Pipas (2007) tem se dedicado a sair correndo com toda ação possível em detrimento de olhar para as coisas com mais calma. É possível fazer isso mesmo dentro do “esquemão”, mas parece que o diretor não gosta mais dos personagens que filma. Guerra Mundial Z, se tem uma boa ideia (e tem), todavia apenas reproduz um cinema manco que dispara irrefletidamente contra essa proposta, só lhe importando as grandes imagens. Mas o pior é que o filme pretende colocar os zumbis novamente no meio de tudo sem qualquer vontade de diferenciá-los de qualquer outra coisa já feita. Trata-se de um filme que poderia ter sido feito por qualquer um do “operariado” hollywoodiano, só que melhor.