Os filmes da Marvel têm se notabilizado por algo básico, especialmente se comparados aos longas-metragens da concorrente DC Comics: produtos engraçados, divertidos e formulaicos. A base de Homem-Formiga (2015), Doutor Estranho (2016) é a mesma desde 2008, quando lançado Homem de Ferro. No que tange ao novo Homem-Aranha, a preocupação era evitar os mesmos erros. De fato, De Volta ao Lar não é um filme usual de origem, mas é tão ordinário quanto, pois importa clichês de outros subgêneros, em especial das comédias teen dos anos 80. Tom Holland consegue fazer bem seu papel, mas há um cansaço extremo do texto, evidente desde as relações entre os adolescentes, que não fazem sentido – incluindo aí um bully latino –, ao modo como o protagonista age quando de posse do uniforme. Não há sequer uma grande cena. O que mais se aproxima disso trata de confirmar um dos outros medos que rondavam a produção: Tony Stark como protagonista, ao invés de mentor. As piadas são ligeiramente mais inspiradas que as das últimas realizações cinematográficas da Marvel, mas ainda assim soam genéricas e dificilmente entretém os não fãs hard do personagem. Mais uma vez, há um medo extremo de matar personagens, o que iguala este longa-metragem aos desenhos animados de GIJOE, nos quais havia guerra, uso de armas, mas morria absolutamente ninguém, nem mesmo quando granadas nucleares são acionadas (isso no filme, não na animação citada). É uma pena, em especial para o Abutre de Michael Keaton, que poderia ser um dos vilões diferenciais da Marvel no cinema. Todavia, sua participação é diminuída, tudo para dar vazão a mais uma sequência de humor bobo, fator que, aos poucos, retira a pouca alma do filme. Se fosse para contar uma história como a vista, talvez a melhor escolha para protagonista fosse Miles Morales, do universo Marvel Ultimate. Ao menos seria mais inclusivo e poderia ter uma maior representatividade e profundidade de texto. – por Filipe Pereira
