A Marvel segue seu plano de dominação do mundo (do entretenimento). A peça da vez no grande quebra-cabeça do estúdio é o Homem-Formiga, herói sem o apelo popular do Capitão América ou do Hulk, por exemplo, e, por isso mesmo, bem menos pressionado para fazer sucesso. Paul Rudd vive Scott Lang, personagem essencial numa disputa que pode definir o futuro. De ladrão, ele passa a uniformizado, encolhendo, desencolhendo, batendo papo com suas novas amigas insetos e tentando salvar o dia, entre uma piada e outra. Mas, Homem-Formiga (2015) é um bom filme ou outro daqueles exemplares saídos diretamente de uma linha de produção focada no lucro e nada mais? O Confronto da semana coloca a realização de Peyton Reed na berlinda. Os críticos Filipe Pereira e Matheus Bonez, respectivamente atacante e defensor, protagonizam esse embate sadio de ideias. E você, de que lado fica? Confira e opine.
A FAVOR :: “Produção recheada de qualidades”, por Matheus Bonez
Poderia dar tudo errado. O troca-troca de diretores, uma pré-produção de anos e a falta de confiança da Marvel no personagem. No fim, se o longa não é maravilhoso, pelo menos está acima da média e diverte (mais que Vingadores: Era de Ultron, lançado meses antes). As cenas de ação são fantásticas, os poderes do herói são bem apresentados e explorados, o elenco é ótimo. Paul Rudd, Michael Douglas e Evangeline Lilly formam um trio de forte química, ainda mais quando se juntam aos “três patetas” liderados por Michael Peña. Além de tudo, a edição primorosa resgata o humor de Edgar Wright e suas sacadas geniais, trazendo um frescor para os personagens coadjuvantes, que acabam sendo uma força a mais na produção já recheada de qualidades. O único senão poderia ser o vilão, mas convenhamos que sua ameaça é o que menos interessa nesta história de assaltos, família e comédia na medida, sem cair no exagero de, por exemplo, Homem de Ferro 3 (2013). Com boas surpresas, especialmente a que se refere a uma importante personagem feminina e também o final, a vontade é ver mais Scott Lang em ação. E se o longa consegue causar essa empatia no público, é porque o resultado deu mais que certo.
CONTRA :: “Um mar de clichês com piadas prontas que funcionam pouco”, por Filipe Pereira
Antes de qualquer pretensão em dividir os filmes da Marvel em “Fases”, Edgar Wright já desenvolvia o roteiro de seu Homem-Formiga, com longas “intervenções”, tendo sua liberdade artística bastante coibida, mesmo ao lidar com um personagem sem muito apelo popular. Destituído da função de diretor, esse realizador de comédias interessantes deu lugar a Peyton Reed, cuja filmografia genérica resulta na fita que finalmente viu a luz do dia. O resultado é quase duas horas de uma história divertida, mas bastante aquém do humor ácido da Trilogia Sangue e Sorvete, por exemplo. Um mar de clichês com piadas prontas que funcionam pouco e cujo ápice é mostrado já no material promocional. A falta de um bom vilão reprisa o péssimo estigma da Marvel, que (exceto Loki) não apresentou uma boa figura de combate aos heróis. A possibilidade de Homem-Formiga ser algo magnânimo era boa, isso se as brigas de produção não interferissem. O derivado de Reed faz lembrar comida requentada que, em tempos de fome extrema, pode até ser útil, mas como prato principal decepciona, seja pelas frivolidades e banalidades ou pelo próprio potencial desperdiçado. Poderia ser tão carismático quanto Guardiões da Galáxia (2014), mas não é.
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