20150915 homem irracional papo de cinema 04 e1442327710727

homem-irracional-papo-de-cinema-01

Prolífico, Woody Allen bate ponto todo ano nas telas de cinema com um novo filme, diferentemente de outros diretores que ficam anos gestando projetos.  Desta vez, seu protagonista é um professor de filosofia atormentado pelo vazio da existência, às voltas com uma aluna mais jovem por ele fascinada, que encontra luz no fim do túnel ao planejar a morte de um desconhecido. Joaquin Phoenix, Emma Stone e Parker Posey encabeçam o elenco desta trama em que Allen retoma alguns temas caros à sua filmografia.  No geral, a recepção, tanto do público quanto da crítica, tem sido positiva, ainda que não rareiem os detratores. Para debater sobre Homem Irracional (2015), chamamos ao Confronto da semana os críticos Luiz Fernando Gallego, nosso convidado do site Críticos.com.br, e o prata-da-casa Marcelo Müller, respectivamente atacante e defensor. E você, o que achou do mais recente filme de Woody Allen? Confira e não deixe de opinar.

 

homem-irracional-papo-de-cinema-02

A FAVOR :: “Suspense esperto com pílulas filosóficas e existencialistas”, por Marcelo Müller
Crime, castigo e a misteriosa ironia da existência não são exclusividades deste filme, mas tampouco surgem na tela como refeição de ontem. Por isso a palavra “repetição” é inadequada para definir o retorno de Woody Allen aos assuntos que lhe são caros. O personagem de Joaquin Phoenix, mesmo cobiçado e admirado por sua trajetória acadêmica, não consegue ser feliz. Ele demonstra obsessão por fazer a diferença, contribuir de alguma maneira com a melhora de um mundo essencialmente triste. Emma Stone é a menina mais nova apaixonada pelo homem mais velho (outra recorrência), que se nega a viver mentindo, levando a necessidade de falar a verdade às últimas consequências, seja confessando infidelidade ou ameaçando delação. Woody Allen faz um filme ágil, sem qualquer lengalenga. Ele se atém ao essencial, à construção de um suspense esperto com pílulas filosóficas e existencialistas, no qual os amores vêm e vão como parte do caos cotidiano que tentamos ordenar, ora por meio das teorias, ora através de ações. Woody Allen não se repete, apenas lapida um pouco mais, com outro longa-metragem excelente, sua singular visão de mundo.

homem-irracional-papo-de-cinema-03

CONTRA :: Supérfluo em relação aos anteriores sobre os mesmos temas”, por Luiz Fernando Gallego
Este é o quarto filme em que Woody Allen aborda decisões morais equivocadas e, dentre estes, o segundo em que o acaso tem importante papel. O tema já se mostra como uma obsessão desde Crimes e Pecados (1989), Match Point (2005) e O Sonho de Cassandra (2007). Aqui há certa pressa em empurrar a ação para frente na segunda metade do filme, depois de ter sido reiterativo na exposição do ambiente e dos personagens a partir dos quais são estabelecidas as premissas da trama. O tédio de um, a oferecida disposição sexual de outra e as negativas da mais jovem quanto à amplitude de sua fascinação pelo entediado extrapolam o que seria suficiente para informar o espectador. Já quando a ação propriamente dita se instala não há muito “recheio” no roteiro quanto às atitudes dos personagens até o rápido desfecho e ausência de explicações sobre o que pode ter acontecido com tal ou qual protagonista. Não dá para saber se Allen está apenas mais cansado ou quis mesmo ser econômico no que pretendeu demonstrar (mais uma vez), fazendo o filme parecer supérfluo em relação aos anteriores sobre os mesmos temas “dostoievskianos”, exceto pela variável na abordagem do acaso.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
avatar

avatar

Últimos artigos de (Ver Tudo)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *