Que Stephen King é um dos grandes autores do nosso tempo, disso ninguém duvida. Talvez não seja reconhecido pela Academia ou pelos críticos ferrenhos, mas é inegável a sua popularidade. E não apenas no mundo das letras, mas também no universo audiovisual. Desde Carrie: A Estranha, lançado há quatro décadas, já tivemos mais de 240 adaptações de textos seus para o cinema e televisão. E se entre esses alguns títulos se destacam, é certo que 2017 não tem sido um bom ano. Após o frustrante A Torre Negra, o segundo tropeço da temporada é essa revisita ao palhaço Pennywise, que a despeito do incrível retorno das bilheterias – com mais de US$ 500 milhões arrecadados em todo o mundo até o momento – não se sustenta enquanto esforço isolado e independente. Por isso é importante entender o contexto no qual esse filme foi lançado. Estruturando-se quase como um spin off da série Stranger Things – inclusive repetindo atores da série da Netflix – o longa tem um roteiro arquetípico, construído a partir de episódios pouco inspirados (qual a razão de se visitar a casa mal-assombrada do final em duas ocasiões? Por que não aproveitar o clímax da primeira vez?) e personagens carismáticos em seus estereótipos superficiais, porém pouco desenvolvidos e sem consistência. Mas o pior, mesmo, é o já citado Pennywise, que deixa de ser um palhaço divertido que faz uso dessa máscara a fim de atrair crianças inocentes para se apresentar desde o primeiro momento como um ser diabólico e desprovido de nuances. A minissérie dos anos 1980 baseada na mesma obra já não era grande coisa, mas ao menos era original e mais fiel ao espírito do livro. Dessa vez, o que se vê são apenas redundâncias e exageros. Um desperdício, portanto.
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