20180402 jogador numero 1 papo de cinema 2

Quem teve a infância marcada pelos filmes de Steven Spielberg sabe do domínio do diretor das narrativas voltadas ao público jovem. Mais especificamente, a fatia ligada em cultura pop. Jogador Nº 1 conquistou fãs quando saiu no formato de livro e é possível que a maioria dos espectadores empolgados pós-sessão seja de leitores. Para quem não possuía a referência literária, mas mesmo assim tem interesse no universo dos jogos, o filme oferece diversões visuais bastante empolgantes. O problema é que a euforia para por aí. A produção de Spielberg enche os olhos mas não aquece o coração, algo que obras como E.T.: O Extraterrestre (1982) e Ponte de Espiões (2015) conseguem em boas doses. As paisagens do mundo virtual OASIS encantam, mas não permanecem em nossa memória, por não trazerem junto consigo um significado. Por mais belo que seja o que está diante dos nossos olhos, se não houver algo que nos prenda além do visual, fica difícil não cair no tédio. Sobram movimentos grandiosos nos personagens, mas falta o principal: humanidade. Aos que afirmam que numa trama de universo paralelo isso é dispensável, vale lembrar que toda ficção científica tem um pé na realidade. É uma forma de falar dos mais humanos dos problemas usando a fantasia como ponto de partida. Jogador Nº 1 garante a diversão, mas não planta a semente da revisão, algo que os clássicos conseguem antes mesmo dos créditos finais surgirem na tela.

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é jornalista e especialista em cinema formada pelo Centro Universitário Franciscano (UNIFRA). Com diversas publicações, participou da obra Uma história a cada filme (UFSM, vol. 4). Na academia, seu foco é o cinema oriental, com ênfase na obra do cineasta Akira Kurosawa, e o cinema independente americano, analisando as questões fílmicas e antropológicas que envolveram a parceria entre o diretor John Cassavetes e sua esposa, a atriz Gena Rowlands.
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