20171126 liga da justica confronto papo de cinema 2

Os trailers não eram animadores. Tampouco ajudaram as notícias de refilmagens, os rumores de uma sensível mudança de tom em relação a Batman vs Superman: A Origem da Justiça e até a inesperada chegada de Joss Whedon, quando Zack Snyder foi impossibilitado de terminar o trabalho por conta de um problema pessoal. Todavia, o filme que reúne os grandes personagens da DC Comics na luta contra o lendário Lobo da Estepe não apenas funciona, mas funciona muito bem. Como aventura, oferece sequências realmente bem feitas, empolgantes a despeito de um exagero de CGI aqui, outro acolá. O que mais dá liga, porém, é a interação entre os heróis. Numa realização como esta, se torna importante transmitir a ideia de aliança verdadeira, de que uns estão ali lutando pelos outros. E isso acontece. Batman desempenha o papel fundamental de líder, inclusive incutindo na Mulher-Maravilha a necessidade dela tomar a frente. A amazona, por sua vez, assume o lugar de destaque que lhe é merecido. Flash é o alívio cômico bem encaixado, a ignição da graça que perpassa a trama, deixando-a mais divertida, embora não menos solene. O Ciborgue carrega seu próprio fardo, a tragédia familiar manifestada num corpo tecnologicamente modificado. Aquaman cai muito bem nesse grupo, por sua inconsequência e autoconfiança. Já o Superman volta de maneira assombrosa, com poderes inimagináveis. Além de tudo isso, a dupla Snyder e Whedon permite, por exemplo, que questões de maternidade/paternidade nivelem os meta-humanos, ou semideuses, aos meros mortais, bem como dá umas cutucadas – de leve, mas dá – nas políticas xenófobas do governo norte-americano. Um blockbuster com alma e que faz jus à ansiedade dos que esperaram tanto para ver essa reunião nas telonas.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.