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Lucy (2014), mais recente filme do diretor francês Luc Besson, acompanha a personagem interpretada por Scarlet Johansson numa jornada que começa acidentalmente, por conta da droga sintética que a faz acessar níveis cerebrais nunca antes vistos. A trama que mescla ação e uma pegada algo existencialista agradou boa parte do público, a julgar pelos consideráveis resultados de bilheteria, inclusive no Brasil. Mas tem gente que achou tudo aquilo uma baboseira, equívoco revestido de um frágil verniz de profundidade. E como controvérsia é a matéria-prima do Confronto, nós do Papo de Cinema resolvemos debater a respeito de Lucy. Enquanto Marcelo Müller “desce a lenha” no filme, pelo visto figurante fácil na sua lista de intragáveis do ano, Yuri Correa vai à direção contrária, ou seja, expõe os pontos que, em sua opinião, fazem do longa de Besson merecedor de atenção. E você, de que lado está? Confira e não deixe de opinar.

 

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A FAVOR :: “Que diversão para o espectador”, por Yuri Correa
Lucy é difícil de engolir, verdade seja dita. Embora estrelado pela muito bem cotada Scarlet Johansson, traz como diretor o irregular Luc Besson, que se por um lado é o responsável por filmes excelentes como O Profissional (1994) e O Quinto Elemento (1997), por outro também é culpado por cometer Arthur e os Minimoys (2006). De uma trama que estava tomando tempo para se desenvolver de forma tensa, o filme logo salta para uma ficção científica com pitadas de fantasias heroicas. Mas, que diversão aguarda o espectador que conseguir se libertar de preconceitos e embarcar na inusitada trama do longa-metragem. Besson ainda não voltou a atingir o potencial que sabemos que tem, usa de uma montagem esperta que insere metáforas visuais quando lhe é conveniente, mas também constrói um crescente de tensão admirável ao trazer aqui e ali, em caixa alta, a contagem do percentual de uso cerebral da protagonista. Johansson tem o filme pra si e consegue o feito de ser carismática, mesmo quase não modulando voz e expressão durante o desenrolar da trama – a introdução da personagem em uma situação de vítima ajuda neste aspecto. Na verdade, Lucy é bem mais simples do que soa, o que é seu charme.

 

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CONTRA :: A papagaiada existencialista evidencia pretensões não alcançadas”, por Marcelo Müller
A discreta homenagem aos filmes orientais de máfia, prestada pelo diretor Luc Besson no início de Lucy, aponta para algo promissor. Contudo, aquelas imagens de animais, que buscam potencializar a sensação de perigo, relacionando de maneira rudimentar o apuro da protagonista com a vida selvagem, logo tornam as coisas meio toscas. Mas, na verdade, o filme começa a degringolar feio mesmo quando a personagem de Scarlet Johansson sofre um colapso por conta da droga que vaza dentro de seu corpo. Lucy, antes frágil e vítima, vira uma semideusa de crescente poder mental. A ação passa a ser insignificante diante dessa figura cada vez mais poderosa, assim como os gângsteres que a perseguem, dali para adiante meros figurantes. Morgan Freeman faz participação especial, quando muito. Seu personagem é um daqueles cientistas que estão em cena só para demonstrar (artificialmente) os limites da ciência, nada mais. A papagaiada existencialista só evidencia Lucy como refém de pretensões não alcançadas. Se você quiser apenas um filme com sequências de ação, simplista, bons contra maus, pode se frustrar. Se estiver buscando um filme-cabeça, que reflita sobre os mistérios do ser, tende a torcer para que alguém, por favor, acabe logo com a agonia da protagonista (e com a nossa).

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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