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Confronto :: Ninfomaníaca: Volume II

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Ninfomaníaca: Volume I (2013) foi sucesso de bilheteria no Brasil, o maior entre as realizações de Lars von Trier  lançadas em nosso circuito comercial. Muito desse êxito se deve ao séquito do cineasta, àqueles que acompanham sua carreira com curiosidade. Mas tais números se explicam, em parte, também por conta do marketing. A crítica, por sua vez, ficou dividida, quem sabe por conta da incompletude da própria obra, fracionada a fórceps (até onde se sabe) por pressão dos produtores. Em virtude da boa resposta nas bilheterias, Ninfomaníaca: Volume II (2013), o complemento/sequência, ganhou circuito maior por aqui. Não raro as críticas têm sido mais favoráveis, inclusive alertando à, segundo elas, necessidade de entender o filme em sua totalidade. Claro, tem gente que continua achando tudo engodo, discurso vazio “para inglês ver”. Repetindo os duelistas do Confronto :: Ninfomaníaca: Volume I, chamamos novamente à arena Robledo Milani, que continua achando a mais nova empreitada de von Trier uma furada, enquanto Yuri Correa parece ainda mais convencido das qualidades do(s) filme(s). Confira e não deixe de opinar.

 

A FAVOR :: “Conclui a obra de maneira, no mínimo, ousada”,  por Yuri Correa
Ainda é apenas a metade de um filme, uma metade que deixou mais interessantes os acontecimentos de sua antecessora. Aqui começamos a acompanhar o desenrolar dos conflitos armados no Ninfomaníaca: Volume I, e, não traindo uma de suas temáticas mais marcantes, Lars von Trier finalmente aborda a misoginia, que antes parecia surpreendentemente ausente. Porém, Ninfomaníaca: Volume II conclui a obra do cineasta de maneira, no mínimo, ousada, e não falo das cenas de sexo ou violência que, novamente, em momento algum podem ser classificadas como chocantes. Ao tratar seu espectador de forma condescendente e trair radicalmente as suas expectativas sobre um dos personagens, von Trier acaba nos colocando justamente no lugar de um indivíduo oprimido tal como a mulher já foi (e por muitas vezes ainda é) em nossa sociedade. Não é bonito ou divertido de assistir, na verdade a experiência é decepcionante e maniqueísta. Mas, se filmes sobre uma triste situação propícia ao choro ou outros sobre acontecimentos engraçados podem ser considerados bons, por que um que fala sobre a misoginia e a visão ainda preconceituosa sobre o sexo e a mulher não pode ser considerado igualmente funcional, exatamente por soar frustrante e revoltante?

 

CONTRA :: “Lars von Trier investe naquilo que mais vende, o sexo, mas não entrega o que promete”, por Robledo Milani
Lars von Trier, mais do que um autor cinematográfico, domina como poucos a engenharia do marketing artístico. Afinal, são poucos os que sabem ‘vender’ um filme com tanta eficiência. E se sua ousadia no sentido de sempre surpreender o público já o havia levado a instaurar novos dogmas e eliminar cenários e antigas convenções, com o díptico Ninfomaníaca ele investiu naquilo que mais vende em todo o mundo: o sexo. Porém, comete o pior dos pecados diante tamanha expectativa gerada: não entrega o prometido. Como diz sua frase de apoio, o melhor é “esquecer o amor” e divagar por exageros sádicos, pela desglamourização do prazer sexual e pecados que, atualmente, só devem chocar os mais conservadores. A protagonista é antipática, o ouvinte é um ser sem profundidade – e que trai a si próprio em um final constrangedor – e os coadjuvantes servem apenas para fazer número, numa estrutura episódica que mais provoca bocejos do que excitação. Talvez com uma edição impiedosa, que resumisse os dois volumes em um único filme, o produto final fosse consistente o suficiente para garantir algum interesse. Do jeito que se apresenta, no entanto, é difícil apontar qual das duas partes é a mais entediante.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.

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