Celebrado há alguns anos por Dia de Treinamento (2001), filme que rendeu a Denzel Washington o Oscar de Melhor Ator, o diretor Antoine Fuqua volta às telas com o drama de um boxeador agarrado às cordas, prestes a beijar a lona. O personagem vivido por Jake Gyllenhaal precisa dar a volta por cima após a morte da esposa. Subir de novo no ringue pode significar a manutenção da guarda da filha e a retomada do controle de sua vida. Muito tem se falado da atuação de Gyllenhaal, da entrega física e psicológica essenciais à composição do protagonista, atributos que o colocam no páreo para o próximo Oscar. Mas, e o filme, é bom ou calcado em demasia no trabalho do ator principal? No Confronto da semana, Thomas Boeira ataca, enquanto Yuri Correa defende Nocaute (2015). Confira e não deixe de opinar.
A FAVOR :: “Algo que permanece na memória”, por Yuri Correa
Billy Hope (do inglês, esperança, algo que o filme não deixa passar batido) é um homem bruto, de temperamento explosivo e raciocínio rasteiro. Sua dicção enrolada é digna de quem está acostumado a socar mais que a articular a própria voz. Seus ombros duros e curvados indicam uma vida inteira em que manteve os músculos enrijecidos, prontos para o combate. Esse é Billy Hope, boxeador profissional. Ele não é um sociopata frio e calculista, dissimulado e de inteligência singular, não possui um vocabulário diverso e uma fome de reconhecimento que lhe justifica até mesmo a morte alheia. Esse é Louis Bloom, o jornalista carniceiro visto em O Abutre (2014). Fazendo jus ao seu personagem central, Nocaute talvez não seja brilhante, socialmente crítico, ardiloso ou multifacetado, mas ele tem Jake Gyllenhaal, um ator capaz de ser o que o filme exigir dele. Aí está o trunfo do novo longa-metragem de Antoine Fuqua, que a socos vai abrindo caminho para permanecer na memória, senão por outro motivo, pela versatilidade do intérprete do protagonista.
CONTRA :: “Não deixa grandes impressões ao final da projeção”, por Thomas Boeira
Jake Gyllenhaal apresenta em Nocaute uma atuação admirável, algo comum ultimamente. O ator passou por uma grande transformação física para encarnar de maneira visceral e intensa o boxeador Billy Hope. E se o filme mostra alguma eficiência, isso se deve a Gyllenhaal, já que em outros aspectos, infelizmente, não é tão interessante. O caminho traçado pelo roteiro não deixa de ser óbvio, sobretudo pela forma como conduz o protagonista, ele que vai até o fundo do poço apenas para a superação ter eventual peso. O filme se sustenta demais em clichês, além de ser bastante conveniente e esquemático. Já a direção do sempre irregular Antoine Fuqua não só é burocrática, na maior parte do tempo, como também não chega a se esquivar do melodrama ordinário. Exemplo disso é a cena em que Billy vê a filha, Leila (Oona Laurence), sendo levada pelo Serviço Social. No fim, estamos falando de um longa que depende demais do astro no centro de sua narrativa, e, ao contrário dele, não deixa grandes impressões ao final da projeção.
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