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Premiado pelo National Board of Review como Melhor Filme de 2014, O Ano Mais Violento é o terceiro longa-metragem do diretor J. C. Chandor. Protagonizado por Oscar Isaac e Jessica Chastain, narra a ascensão do imigrante Abel Morales e de sua esposa, Anna, no ramo da distribuição de petróleo, em meio a um dos invernos mais rigorosos de Nova York, o de 1981. Suas tentativas de progredir esbarram na concorrência inescrupulosa e noutros setores cujo comportamento predatório evidencia certa falta de dignidade do mundo dos negócios. Celebrado por muitos como prova da maturidade de Chandor, contudo, o filme soou decepcionante para outros tantos. Para colocar mais lenha na fogueira, chamamos ao Confronto da semana os críticos Marcelo Müller e Robledo Milani, respectivamente defensor e atacante de O Ano Mais Violento. E você, nesta disputa sadia de argumentos, fica ao lado de quem? Confira.

 

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A FAVOR :: Um esforço e tanto para refletir sobre o estado das coisas”, por Marcelo Müller
O diretor J.C. Chandor está se especializando em deflagrar as sórdidas engrenagens que movem alguns setores da sociedade norte-americana. Depois de Margin Call: O Dia Antes do Fim (2011), no qual expôs com acidez os meandros do mercado financeiro, ele agora mostra a dificuldade de manter-se íntegro frente aos ditames do capitalismo selvagem. O protagonista de O Ano Mais Violento faz de tudo para andar na linha, para prosperar contando apenas com seu próprio esforço. Enquanto isso, os concorrentes lançam mão de todas as artimanhas (legais e ilegais) possíveis, encurralando-o. Filme de máfia, dos carteis atuantes pelas frestas do regulamento, da concorrência que não admite outros vencedores. Abel e Anna formam um casal à beira do colapso, espremido entre o risco de um grande negócio e os perigos vindos dos gângsteres de colarinho branco, bem como dos braços de uma lei altamente corruptível. Falta uma tensão mais aguda e maior destaque à personagem da esposa, mas, no geral, o retrato que Chandor pinta das dinâmicas mercadológicas agressivas, numa narrativa ambientada nos anos 1980, sob neve e conflitos, é um esforço e tanto para refletir sobre o estado das coisas.

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CONTRA: “Uma trama que luta desesperadamente para disfarçar o nada que tem a dizer”, por Robledo Milani
Ao ganhar o National Board of Review de Melhor Filme do ano, esta produção assinada por J. C. Chandor ameaçou se firmar como um dos grandes lançamentos da última temporada. No entanto, o interesse pelo longa foi diminuindo, até ele ser completamente ignorado no Oscar 2015. E não sem motivos. Esnobado pelo público, este thriller sobre a violência na Nova York do início dos anos 1980 tem problemas de ritmo, de estrutura narrativa e de construção de personagens. Oscar Isaac, que deveria ser o protagonista, é constantemente ameaçado pela própria esposa, em uma interpretação de Jessica Chastain que beira o exagero – em determinada cena, após atropelarem um cervo, enquanto ele tenta amenizar o sofrimento do animal, ela saca logo uma arma e dispara a sangue frio, como um Rambo de saias, castrando o marido em sua iniciativa. A trilha sonora soturna e a fotografia ambiciosa tentam a todo instante fazer do enredo algo maior do que de fato é, como se aquele retrato específico representasse um todo maior, e não apenas um bando de ratos brigando entre si. E assim, no vácuo provocado por eles próprios, tem-se uma trama que luta desesperadamente para disfarçar o nada que tem a dizer.

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