O Homem-Aranha de Marc Webb é um pós-adolescente malandro, bem diferente da caricatura nerd que Sam Raimi construiu para Peter Parker na primeira trilogia do aracnídeo nas telas. No segundo longa dessa reinvenção, O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro (2014), o jovem repleto de poderes e responsabilidades é atormentado pelo fantasma do pai de Gwen Stacy (Emma Stone), que teima em lembrá-lo do perigo que a faz correr. Em meio a essa crise que afeta seu namoro, o Cabeça de Teia (Andrew Garfield) precisa lidar com uma série de ameaças, sendo Electro (Jamie Foxx) a primeira delas e depois o mais do que conhecido Duende Macabro (Dane DeHaan), um de seus célebres arqui-inimigos. Rhyno (Paul Giamatti) quase não conta, mas está lá, ou seja, temos três vilões clássicos das HQs na nova aventura. O estrondoso (e esperado) êxito nas bilheterias mostra que o Aranha de Webb caiu nas graças do público. Mas e a crítica, o que acha do filme?
Por aqui, chamamos à teia do Confronto da semana os críticos Eduardo Dorneles e Robledo Milani, respectivamente defensor e algoz do Homem-Aranha em cartaz. Confira mais este embate saudável de boas ideias e não deixe de contribuir.
A FAVOR :: “É um excelente filme do Aranha”, por Eduardo Dorneles
Filmes inspirados em histórias em quadrinhos trazem uma particularidade consigo quando são produzidos. Uma particularidade que quase sempre passa longe da avaliação da maioria dos críticos. Filmes de super-heróis não são apenas uma produção cinematográfica, são também a personificação de um mito das páginas construídas a nanquim. Ou seja, sempre haverá dois pontos que caminharão juntos na construção desse tipo de produção: o cinema técnico e o cinema do herói. É raro esses dois pontos serem bem sucedidos. Com isso em mente podemos realizar uma positiva avaliação de O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro. Por quê? Simplesmente porque Marc Webb, o diretor, conseguiu fazer com que o Cabeça de Teia saísse do papel e se personificasse na tela grande. Andrew Garfield, por sua vez, conseguiu entregar um Peter Parker per-fei-to, introspectivo e solitário na medida certa, traduzindo assertivamente a juventude contemporânea, enquanto é tagarela e divertidíssimo ao trajar seu collant azul e vermelho. Emma Stone está apaixonante como Gwen Stacy, construindo um verdadeiro primeiro amor. As acrobacias e a precisão técnica deixam qualquer um embasbacado. E o principal: o filme oferece uma trama que surpreende – ao menos quem não conhece as HQs -, edifica e inspira. É um excelente filme do Aranha.
CONTRA :: “Muito mais um produto mercadológico do que uma obra artística”, por Robledo Milani
Não menos do que dois anos após o lançamento de O Espetacular Homem-Aranha (2012), o filme de menor bilheteria de todos os já protagonizados pelo herói aracnídeo neste século, o diretor Marc Webb está de volta às telas com uma sequência que conseguiu o feito de obter a pior avaliação crítica de todos os cinco filmes lançados. E isso porque ele investiu, logo no segundo episódio desta nova trilogia, naquilo que Sam Raimi levou três longas para cometer: exageros desnecessários. Em O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro, tudo é em excesso: muitos vilões, muitas participações gratuitas, muitos efeitos que servem apenas para encantar os espectadores das salas IMAX e 3D. Perde-se o foco narrativo, a atenção fica sem saber para onde se dirigir e no final resta pouco na memória. Se a conclusão é corajosa, é também equivocada, pois se compromete com uma origem que nem mesmo as histórias em quadrinhos de hoje respeitam. Andrew Garfield e Emma Stone continuam sendo o melhor dessa releitura, mas é pouco para justificar tamanho investimento. Este filme é muito mais um produto mercadológico do que uma obra artística, e infelizmente somos lembrados disso constantemente durante a projeção. Assim não há saco de pipoca que resista.