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Wes Anderson, tido por muitos como um dos mais inventivos cineastas americanos da atualidade, acaba de lançar O Grande Hotel Budapeste (2014), festejado talvez como o filme que melhor condense sua obra sui generis. A trama se passa em plena Europa, temporalmente situada entre as duas grandes guerras, na qual o concierge M. Gustave (Ralph Fienes) e seu fiel escudeiro, o mensageiro Zero Moustafa (Tony Revolori), ambos funcionários do mítico hotel que dá nome ao longa, lutam contra a vilania de uma família ressentida pelo teor do testamento da matriarca recém-falecida. Mas será que O Grande Hotel Budapeste é mesmo unanimidade? Para o tira-teima, convidamos Marcelo Müller, que tem restrições ao filme (e ao estilo de Anderson), e Matheus Bonez, que defende os méritos da realização em cartaz. Confira o Confronto da semana, e não deixe de opinar.

 

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A FAVOR :: “Sensível e divertido, como todo bom filme do gênero deve ser, porém indo muito além”, por Matheus Bonez
É impossível assistir a um filme de Wes Anderson sem saber que é do diretor. Sua marca registrada, a câmera sempre nos mesmos planos centralizados e simétricos, sejam abertos ou fechados, dão a dinâmica de sua filmografia. O Grande Hotel Budapeste, porém, consegue ir além dos vícios de linguagem e estética de seu realizador, resultando numa obra universal, algo que parecia quase inatingível para quem conhece seus outros longas. Através da narrativa que se assemelha a uma boneca russa, na qual há uma história dentro de outra e assim sucessivamente, Anderson amplia a importância do relato sobre a vida do concierge Gustave, sua delicada relação com uma viúva rica (Tilda Swinton), a morte desta e as consequentes confusões acerca da herança. O cineasta aprendeu de forma certeira a lição do Mcguffin de Hitchcock. Ora, o que menos interessa é quem matou ou roubou e sim toda a trajetória emocional por qual seus personagens passam ao longo da história. E, por mais que os diálogos excêntricos e recheados de subtextos ou a caracterização dos cenários e dos personagens beirem a uma realidade quase inatingível, esta comédia tem um alto teor dramático e emocional que foge do clichê. Definitivamente, um dos melhores do ano – e, especialmente, da carreira de seu diretor.

 

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CONTRA :: “Nada que sustente os elogios mais acalorados ao filme e ao diretor”, por Marcelo Müller
O Grande Hotel Budapeste não é um filme ruim, talvez seja até um dos melhores de Wes Anderson, mas classificá-lo como uma realização memorável é ir longe demais. Talvez pese em demasia certa implicância minha com o estilo do diretor, um modo de cinema que parece atingir seu ápice neste mais novo longa, passado numa localidade fictícia na Europa. A trama, como quase sempre nos filmes de Anderson, é um fiapo, no qual se equilibram um ou dois personagens bem construídos (aqui, o concierge e o mensageiro) e cambaleiam os demais, figuras cuja aparição dura somente o tempo para identificarmos intérpretes renomados fazendo pontas, outra das marcas registradas do cineasta – aliás, mais uma que soa como fogo de artifício. Se O Grande Hotel Budapeste acaba não sendo tão fraco quanto alguns de seus irmãos – e é até legal de ver – isso se deve a Ralph Fienes e a Tony Revolori, dupla que leva o filme nas costas e, vá lá, a certa graça no visual barroco que Anderson cria para seu mundo imaginário. Repito, pode ser implicância minha, mas não consigo ver nem em O Grande Hotel Budapeste nem na maioria dos filmes de Wes Anderson algo que sustente os elogios mais acalorados de quem acha a suposta originalidade do diretor algo a ser festejado como sinal de vida inteligente no cinema.

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