Após imbróglio judicial envolvendo direitos autorais e a posterior desistência do cineasta Guillermo Del Toro em plena pré-produção, isso entre outros contratempos, eis que no ano passado finalmente chegou às telas o início da esperada adaptação do livro O Hobbit, justo pelas mãos de Peter Jackson, aquele que fez da Terra Média também um lugar de cinema. O Hobbit: Uma Jornada Inesperada (2012), primeira parte da nova trilogia, narra o ponto de partida das aventuras do jovem Bilbo Bolseiro na companhia dos anões liderados pelo mago Gandalf (Ian McKellen). Dividir o livro em três filmes foi decisão polêmica, para muitos uma jogada puramente mercantilista. Contudo, o sucesso nas bilheterias atestou a curiosidade do público a respeito do universo mítico criado por J.R.R. Tolkien. Por conta da iminente estreia da sequência, O Hobbit: A Desolação de Smaug (2013), nada melhor do que relembrar o antecessor, acirrando ainda mais a disputa entre as forças contrárias, aqui representadas por Matheus Bonez, e os aliados, personificados no presente Confronto por Robledo Milani. O Hobbit: Uma Jornada Inesperada é um bom filme ou apenas caça-níquel sem o brilho da trilogia O Senhor dos Anéis (2001–2002–2003)? Confira o bate-papo e exponha também sua opinião.
A FAVOR :: “Um começo cheio de energia e muito cativante”, por Robledo Milani
Somente Peter Jackson seria capaz de realizar o espetáculo visual que é O Hobbit: Uma Jornada Inesperada. Quase dez anos após concluir a trilogia O Senhor dos Anéis (2001–2002–2003), vencedora ao todo de 17 Oscars e com um faturamento mundial de mais de US$ 2,8 bilhões, o cineasta australiano voltou à mítica Terra Média, criada pelo escritor inglês J.R.R. Tolkien, para mais uma visita disposto a encantar tanto os admiradores do original como também uma nova geração, sedenta por fantasia e mistério em um cinema de alta qualidade. A decisão de dividir o livro O Hobbit em três volumes cinematográficos pode ter soado exagerada para alguns, mas tudo o que se vê na tela justifica os esforços e os investimentos tecnológicos, financeiro e de tempo. Neste episódio inicial damos os primeiros passos rumo à origem do Um Anel, descobrimos sua ligação primeira com o cativante e assustador Gollum e vislumbramos esse mundo fantástico muito antes dos terríveis acontecimentos que seriam melhor explorados futuramente. É um começo cheio de energia e muito cativante, digno de todos os talentos envolvidos e à altura da expectativa de fãs e admiradores de todo o mundo.
CONTRA :: “Cheio de elementos desnecessários, além de puro marketing” , por Matheus Bonez
Peter Jackson só pode sofrer de megalomania. Tudo bem que ele realizou com maestria a trilogia O Senhor dos Anéis (2001–2002–2003) com nove horas de duração no total – aliás, bem mais se contar as versões estendidas lançadas posteriormente. Porém, esta obra se justifica por suas mais de mil páginas de literatura. Agora, quando ele resolveu dividir O Hobbit, que não chega a um terço do tamanho daquela obra de J.R.R. Tolkien, em outras TRÊS produções de TRÊS horas de duração, a questão ficou mais problemática. Não odeio o primeiro filme lançado em 2012, mas cadê a necessidade de incluir tantos elementos e cenas desnecessárias (como a, perdoem os fãs ardorosos, cantoria irritante da primeira metade do longa) além de puro marketing e uma tentativa (frustrada, diga-se) de alcançar o sucesso dos três longas de dez anos atrás? Posso reclamar o quanto quiser, não tem remédio. A história tem que chegar ao fim. Mas quando 2014 chegar, não será também o fim da carreira do cineasta? Menos é mais. Neste caso, deveria ser BEM menos.