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O Homem Duplicado (2013) é a adaptação cinematográfica do livro homônimo de José Saramago. Dirigido por Denis Villeneuve, cineasta que recentemente fez sucesso com o drama Os Suspeitos (2013), é centrado na reviravolta inesperada que ocorre na vida do professor de história Adam Bell (Jake Gyllenhaal), após ele descobrir seu duplo, Anthony St. Claire, um figurante de cinema. O clima de estranhamento se adensa gradativamente, sobretudo quando envolvidas a namorada do primeiro (Mélanie Laurent) e a esposa do segundo (Sarah Gadon), ambas enredadas numa trama em que o bizarro (inclusive com a aparição de aranhas gigantes) se revela cotidiano e opressor. Mas, o filme é bom? Para tirar a teima, chamamos ao Confronto desta semana os críticos Matheus Bonez e Thomas Boeira, respectivamente ataque e defesa do longa protagonizado por Jake Gyllenhaal. Confira e não deixe de opinar.

 

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A FAVOR :: “Um dos melhores filmes do ano”, por Thomas Boeira
O talentoso diretor Dennis Villeneuve realiza em O Homem Duplicado um conto sobre a liberdade do indivíduo, mostrando como esta pode ser controlada por uma força maior. Este não é um filme com narrativa convencional, que busca guiar o espectador de maneira óbvia ao longo de sua trama. Trata-se de uma obra que nos desafia a prestar atenção nos mínimos detalhes, claro, se quisermos entender metáforas e simbolismos. Caso contrário, a história não terá sentido algum, especialmente quando consideramos o modo como ela termina. E é isso que a torna incrivelmente instigante, uma experiência cinematográfica tão recompensadora. Villeneuve cria uma atmosfera envolvente do início ao fim, enquanto Jake Gyllenhaal tem mais um trabalho digno de aplausos, interpretando o professor Adam Bell e o ator Anthony St. Claire, personagens fisicamente idênticos, mas com personalidades bem diferentes uma da outra. Assim, O Homem Duplicado se revela absolutamente fascinante, e isso o faz merecer um lugar entre os melhores filmes do ano.

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CONTRA :: “Parece muito mais preocupado com a estética do que com seu conteúdo”, por Matheus Bonez
Pode parecer estranho este “ataque” ao filme mais recente de Denis Villeneuve. A direção é segura, a fotografia amarelada é belíssima e recheada de subtextos, assim como a trama, e as atuações estão acima da média. Porém, talvez o que estrague O Homem Duplicado é a expectativa. Após o excelente Incêndios (2010) e o hollywoodiano, e não menos eficiente, Os Suspeitos (2013), esperava-se mais desta nova parceria do diretor canadense com o astro Jake Gyllenhaal. O filme, baseado na homônima obra de José Saramago, mantém os alicerces de sua versão literária, mas parece muito mais preocupado com a estética do que com seu conteúdo. O suspense do homem que descobre um duplo, seu gêmeo que não é de nascença, gera confusão. E não são as simbologias que salvam a obra, pelo contrário. Como a das aranhas, uma clara referência ao medo do(s) protagonista(s) em relação às mulheres e ao comprometimento das relações. Beira à ingenuidade quando o longa tenta passar um verniz intelectual muito acima do que é entregue ao público. No fim, Villeneuve quis que o público pensasse a respeito dos signos impostos na tela, mas o que se percebe é apenas que ele quer ser um novo autor no cinema, repito, mais preocupado com a forma do que o conteúdo. Algo que seus dois longas anteriores já provaram é que o cineasta tem um caminho seguro pela frente, mas um tropeço como O Homem Duplicado pode prejudicar.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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