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Baseado no romance homônimo de Michael Ondaatje, O Paciente Inglês (1996) foi o grande vencedor da 69ª edição do Oscar. Na ocasião, após a indicação em 12 categorias, saiu da premiação com 9 estatuetas, incluindo as mais cobiçadas: Melhor Filme e Melhor Diretor (Anthony Minghella). Mas isso não foi suficiente para um amplo reconhecimento da crítica, e nem mesmo de boa parte do público. Há quem ache o filme piegas e até enfadonho; em contrapartida, muita gente o considera uma grande realização subestimada. E para ressuscitar a discussão acerca dos méritos e deméritos de O Paciente Inglês, chamamos ao Confronto da semana os críticos Marcelo Müller e Thomas Boeira, respectivamente defensor e atacante do longa protagonizado por Ralph Fiennes e Kristin Scott Thomas. Confira.

 

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A FAVOR :: “Mostra a paixão como maneira de o homem agigantar-se frente até mesmo aos horrores da guerra”,  por Marcelo Müller
O Paciente Inglês é um daqueles filmes pelos quais muitas pessoas gostam de ter uma espécie de birra. Explica-se isso, talvez, em boa parte pelo fato de ele ter vencido o Oscar, derrotando oponentes realmente melhores, tais como Fargo (1996) e Segredos e Mentiras (1996). O longa de Anthony Minghella pode ter seus exageros, mas no frigir dos ovos pagou preço demasiado alto (sobretudo junto à crítica) por evocar um tipo de encenação mais frequente no passado, que mistura grandiloquência e amor. É muito interessante a maneira como a história vai se tramando pela atração de fragmentos memorialísticos do homem gravemente ferido, ele que se esforça para recordar o relacionamento de outrora vivido nos já difíceis tempos de guerra. Algumas cenas são imponentes, enquanto outras primam pelo mínimo, numa alternância que deixa clara a intenção de situar a paixão como meio pelo qual o homem, em sua pequenez, se agiganta até mesmo frente aos horrores da guerra.

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CONTRA :: Almeja muito, mas não entrega tudo que poderia”, por Thomas Boeira
O Paciente Inglês é uma daquelas obras que almeja muito, mas que não entrega tudo que poderia. Contando a história do Conde Laszlo de Almásy (Ralph Fiennes), a partir de seu acidente na Segunda Guerra Mundial, e intercalando isso com flashbacks da vida dele antes do conflito, o diretor-roteirista Anthony Minghella tem problemas ao não encontrar um ritmo dos mais interessantes para desenvolver a narrativa, além de não impedir a trama de cair num melodrama desnecessário, que não casa com o tom épico. Isso torna o filme um tanto aborrecido em determinados momentos, algo lamentável considerando suas quase três horas de duração. Sendo assim, se O Paciente Inglês ainda se sustenta de alguma forma, isso se deve principalmente a seu ótimo elenco, em especial Fiennes, Kristin Scott Thomas e Juliette Binoche (esta até levou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante). No entanto, isso ainda é pouco para fazer o filme ser digno dos vários Oscars que ganhou em 1997. Um grande exagero da Academia.

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