Basta uma rápida busca na internet para entendermos por que o fotógrafo Sebastião Salgado é respeitado internacionalmente. Ao longo de toda carreira, ele demonstrou um olhar singular e bastante apurado, sobretudo às mazelas do mundo. O documentário O Sal da Terra (2014) procura desvendar a vida e a obra desse artista também envolvido com questões pertinentes à sustentabilidade ambiental. Dirigido por Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado (seu filho), o longa tem o personagem central comentando algumas das mais importantes imagens resultantes de seu trabalho. Pouca gente questiona Sebastião Salgado enquanto fotógrafo, mas o mesmo não ocorre com O Sal da Terra. Para alguns o longa é apenas uma biografia chapa-branca. Já outros o entendem à altura do legado que registra. Onde há discordância, há Confronto. De um lado, Marcelo Müller ataca o filme. Do outro, Rodrigo de Oliveira o defende. E você, o que achou? Confira e opine.
A FAVOR :: “É o típico filme que tem tudo para agradar os fãs do trabalho do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado”, por Rodrigo de Oliveira
Indicado ao Oscar como Melhor Documentário, O Sal da Terra é o típico filme que tem tudo para agradar os fãs do trabalho do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado. E a palavra que merece ênfase é trabalho, visto que é exatamente isso que o espectador vai conferir neste filme dirigido por Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado. O longa-metragem propõe um passeio intenso nos projetos do fotógrafo, mostrando a história de obras tão interessantes e distintas quanto Trabalhadores, Terra, Êxodo e Gênesis. Entendemos o processo, sabemos da concepção e da execução das impressionantes fotografias registradas por ele e conseguimos compreender todo o esforço realizado para que o fotógrafo chegue àquele resultado final. É o próprio Sebastião Salgado quem nos leva a esta jornada, participando ativamente da narração do filme e nos deixando ficar em contato com seu riquíssimo trabalho, dando muito peso ao filme. Diferente do ótimo documentário Revelando Sebastião Salgado (2013), de Betse de Paula, que se detinha na vida pessoal do retratado, O Sal da Terra parte por outro viés, ficando realmente mais próximo do profissional do que mostrando o homem por trás da câmera. Sorte do espectador, que tem dois ótimos e complementares documentários a respeito do fotógrafo.
CONTRA :: “Celebração que soterra as contradições do personagem central com a beleza de seu trabalho“, por Marcelo Müller
O Sal da Terra não é propriamente um documentário sobre Sebastião Salgado, pelo menos não no que diz respeito à investigação do personagem em todos os seus aspectos. Nisto ele é bem relapso, inclusive. Na verdade, o que temos na tela é um inventário da obra do fotógrafo brasileiro. Somos ciceroneados pelo próprio, que rememora os contextos nos quais as imagens foram captadas. As impressionantes fotografias que Salgado produziu nas diversas vezes em que cruzou continentes são as verdadeiras protagonistas do documentário dirigido a quatro mãos por Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado. Aliás, no que concerne à direção, dois aspectos ensaiam entrar em cena e infelizmente não entram, frustrando expectativas: o olhar externo de Wenders e a melhor compreensão de Juliano sobre o pai com quem pouco conviveu em virtude de suas viagens constantes. Assim, a narrativa é sustentada pelas fotografias aliadas à fala comovida de Salgado, conjunto que visa (e consegue) nos emocionar, sobretudo em virtude do apelo humano intrínseco à maioria das situações registradas. É uma celebração formalmente quadrada e pobre de criatividade, que soterra as contradições do personagem central com a beleza de seu trabalho.
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