Foram mais de cinco anos de produção para que os três filmes ficassem prontos. A espera, no entanto, foi recompensada à altura. Como resultado, os filmes A Sociedade do Anel (2001), As Duas Torres (2002) e O Retorno do Rei (2003), os títulos que compõem a trilogia O Senhor dos Aneis, ganharam em conjunto 17 Oscars, de um total de quase 300 prêmios recebidos ao redor de todo o mundo. Além disso, todos foram recebidos com entusiasmo pela crítica (as avaliações no site Rotten Tomatoes são de 92%, 96% e 94% de aprovação, respectivamente), e quebraram recordes de bilheteria, tendo faturado quase US$ 3 bilhões mundialmente. Mesmo assim, a saga inspirada nos livros de J. R. R. Tolkien e levada às telas sob o comando de Peter Jackson encontrou detratores, principalmente entre os que reclamam dos exageros narrativos, das mudanças em relação aos livros ou simplesmente por não serem fãs do gênero mais fantástico. E é por isso que o Papo de Cinema promove hoje esse Confronto, convocando Matheus Bonez para a defesa, enquanto que Dimas Tadeu assume sua função no ataque. Confira!
A FAVOR: “Fantástico é a palavra perfeita para definir a trilogia”, por Matheus Bonez
Peter Jackson conseguiu o que parecia ser impossível para os fãs dos livros do britânico J. R. R. Tolkien: transportar a Terra Média para as telonas em um espetáculo de encher os olhos. A trilogia O Senhor dos Aneis não apenas conquistou 17 das 30 indicações ao Oscar às quais os três filmes concorreram, mas também uma legião de novos seguidores que mal sabiam da existência da história fantástico. E, realmente, fantástico é a palavra perfeita para definir não apenas o conto de Frodo, Aragorn, Gandalf e tantos outros personagens emblemáticos, mas também toda sua realização nos cinemas. Elenco em perfeita sintonia, efeitos especiais de ponta, direção e roteiro coesos e um novo mundo que entrou na cabeça dos espectadores. Se havia reclamações por parte das três horas de duração de cada uma das partes que compõem a trilogia, tudo é explicado na tela, nada é jogado de forma gratuita. Tanto que a história original já havia sido condensada com personagens ficando de fora. E se agradou os próprios fãs, como não satisfazer o público como um todo? Um grande acerto dos envolvidos e que merece segundas, terceiras, enfim, infinitas revisões, pois sempre há um elemento novo para ser descoberto.
CONTRA: “Uma obra que parece ficar entre a inconsciência e o deslumbramento”, por Dimas Tadeu
Muito se fala sobre como Tolkien é genial por ter criado um mundo inteiro em sua obra literária. O entusiasmo dobrou quando Peter Jackson recriou esse mundo visualmente e o levou às massas com a trilogia cujo último filme foi o principal destaque do Oscar de 2004. Só mesmo entusiasmo para justificar tamanha valoração de uma obra que parece ficar entre a inconsciência e o deslumbramento com a própria linguagem. Se por um lado o audiovisual é explorado à exaustão deslumbrada para reconstruir o tão bem detalhado mundo de Tolkien, por outro traz uma narrativa tão simples e arquetípica que, não fosse o dinheiro investido, seria tachada de “clichê” pela crítica. Mesmo os maiores fãs da trilogia começam a falar dos filmes se referindo ao mundo mostrado e às caracterizações dos personagens (antes de falar da trama, da decupagem ou das sensações causadas), o que sugere que o intento artístico de Jackson serviria melhor em uma instalação cenográfica do que em um filme. Com mais de nove horas de projeção, é difícil imaginar que algo assim agrade quem não seja fã da trilogia, de RPGs e de fantasia medieval caricata. Para a sorte dos produtores, eles são muitos…
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